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Senadora australiana chama rainha Elizabeth de ‘colonizadora’

A fala foi feita no discurso de juramento ao Senado da Austrália da indígena Lidia Thorpe, que foi forçada a retirar o que disse após críticas de colegas

Por Da Redação
Atualizado em 8 set 2022, 10h52 - Publicado em 1 ago 2022, 11h20

Lidia Thorpe, senadora indígena da Austrália, foi forçada a repetir o juramento de fidelidade ao Senado nesta segunda-feira, 1, depois de inicialmente descrever a rainha Elizabeth II como uma “colonizadora”.

Thorpe, uma senadora da legenda Verdes por Vitória (estado no sudeste do país), foi repreendida por seus colegas e pela líder do Senado. Um dos legisladores gritou: “Você não é uma senadora se não fizer [o juramento] corretamente”.

Thorpe estava ausente do parlamento na semana passada, quando outros senadores tomaram posse oficialmente, então prestou juramento na manhã desta segunda-feira. Com o punho direito erguido no ar, Thorpe deveria recitar um roteiro escrito em um cartão.

“Eu soberana, Lidia Thorpe, juro solene e sinceramente que serei fiel e mantenho verdadeira lealdade à colonizadora sua majestade, a rainha Elizabeth II”, disse ela. A palavra “colonizadora” não está no juramento formal.

A presidente do Senado, Sue Lines, do Partido Trabalhista australiano, interveio, enquanto outros senadores gritavam críticas. Lines disse que era obrigatório recitar o juramento exatamente como estava impresso no cartão e pediu para Thorpe recitar as palavras novamente.

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A nova senadora, então, fez o juramento sem a palavra “colonizadora”. No entanto, mais tarde publicou no Twitter uma foto do momento, com a legenda “soberania nunca cedida”.

A seção 42 da constituição australiana afirma que “todo senador e todo membro da Câmara dos Representantes deve, antes de tomar seu assento, fazer e assinar” o juramento. Mas, segundo o jornal The Guardian, especialistas dizem que cabe ao parlamento decidir se a falha ou a recusa em fazer o juramento impediria alguém de assumir o cargo.

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Além disso, Thorpe poderia ter decidido não assumir seu assento, caso não estivesse preparada para jurar fidelidade à rainha. Ela teria certos privilégios, mas não poderia votar em legislações.

Na semana passada, o ministro assistente da república, Matt Thistlethwaite, disse que jurar lealdade à rainha era “arcaico e ridículo”.

“Isso não representa a Austrália em que vivemos e é mais uma evidência do porquê precisamos começar a discutir nos tornarmos uma república com nosso próprio chefe de estado”, disse ele. “Não somos mais britânicos.”

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Sob a constituição australiana, todos os senadores e parlamentares devem jurar lealdade à rainha e seus herdeiros e sucessores antes de assumir cargos. A disposição não pode ser alterada sem um referendo, que Thistlethwaite disse que seria feito em um futuro mandato de governo como parte de um movimento mais amplo em direção a uma república.

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No mês passado, a senadora Thorpe descreveu a Austrália como um “projeto colonial” e disse que a bandeira nacional não a representava.

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“Representa a colonização dessas terras e não tem permissão para estar aqui. Não houve consentimento, não houve tratado, então essa bandeira não me representa”, disse ela a uma emissora australiana. Thorpe acrescentou que se candidatou ao Senado “para questionar a ocupação ilegítima do sistema colonial neste país”.

“Estou aqui para o meu povo e me sacrificarei jurando lealdade à colonizadora para entrar na mídia como estou agora, e para entrar no parlamento como estou todos os dias”, afirmou.

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