Seis soldados da Guiana ficam feridos em confronto com gangue na fronteira da Venezuela
Tiroteio teve palco no Rio Cuyuni, Essequibo, região em disputa entre os países

A Força de Defesa da Guiana anunciou nesta segunda-feira, 17, que seis soldados ficaram feridos após um confronto com uma suposta gangue venezuelana na fronteira entre os países. O tiroteio teve palco no Rio Cuyuni, Essequibo, região rica em petróleo em disputa entre ambas as nações.
Em comunicado, o Exército da Guiana afirmou que um transporte de suprimentos foi emboscado por membros de um “sindicato”, termo usado por gangues na região, a caminho da base principal em Eteringbang e Makapa.
“Após a troca de tiros, os agressores recuaram, mas não antes de vários membros das forças de segurança sofrerem ferimentos de bala”, disse a nota, acrescentando que novas tropas foram “mobilizadas para reforçar sua presença na área”.
O confronto ocorreu no 59º aniversário da assinatura do Acordo de Genebra, de 1966, quando a Guiana ainda não era independente. Na ocasião, Venezuela e Reino Unido reconheceram que havia uma disputa territorial na região, mas que seria resolvida de “maneira satisfatória para todas as partes”. A Guiana, por sua vez, rejeita o pacto e demanda à Corte Internacional de Justiça (CIJ) o reconhecimento de uma sentença que estabelece as fronteiras anuladas há quase seis décadas.
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Anexação de Essequibo
Em abril do ano passado, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, promulgou uma lei que criou uma província venezuelana em Essequibo, território reconhecido internacionalmente como parte da Guiana. A anexação da região começou a ser discutida em 2023 e foi mais um motivo de tensão entre o país sul-americano e os Estados Unidos. O Brasil chegou a mediar um encontro entre os líderes de Venezuela e Guiana sobre o assunto.
A chamada Lei Orgânica para a Defesa de Essequibo conta com 39 artigos. Eles regulamentaram a fundação da “Guiana Essequiba”, maneira que os venezuelanos chamam o local. Em 2023, Maduro realizou um referendo para tratar do tema e 95% dos eleitores do país foram a favor da incorporação da região. O artigo 25 impede que apoiadores do governo da Guiana ocupem cargos públicos ou disputem cargos eletivos. A lei também proíbe que seja divulgado um mapa da Venezuela sem a inclusão de Essequibo.
Na época, Maduro afirmou que a nova legislação será cumprida ao “pé da letra” e que “o tempo da dominação colonial, o tempo da subordinação na Venezuela acabou para sempre”. Essequibo corresponde a dois terços do território guianense e é uma região rica em petróleo, gás, ouro e diamantes, apesar de ser uma área composta por selva densa.