Secretário-geral da ONU vai a Moscou para encontrar Putin
António Guterres fará reunião com líder russo e Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores, mas Kiev diz que ele deveria ter ido primeiro à Ucrânia
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, viajou a Moscou nesta terça-feira, 26, para se encontrar com Vladimir Putin, o presidente da Rússia, na tentativa de colocar a organização no centro das negociações de paz do país com a Ucrânia.
Guterres enfrentou críticas do governo ucraniano por não ter visitado Kiev primeiro, assim como por não ter intervindo no conflito antes da invasão russa em 24 de fevereiro. Antes de viajar para a Ucrânia, ele também deve se encontrar com o chanceler russo, Sergei Lavrov.
“É simplesmente errado ir primeiro para a Rússia e depois para a Ucrânia”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymr Zelensky. “Não há justiça nem lógica nesta ordem. A guerra está na Ucrânia, não há corpos nas ruas de Moscou. Seria lógico ir primeiro à Ucrânia, ver as pessoas de lá, as consequências da ocupação.”
O momento da visita, ainda por cima, não parece propício. Ambos os lados estão investidos na chamada “batalha de Donbas”, que comporta as duas regiões com presença de separatistas pró-Rússia, Luhansk e Donetsk. A guerra parece longe de terminar, à medida que o exército ucraniano recebe a maior remessa de armas pesadas dos Estados Unidos desde o início do conflito.
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O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, disse depois de se encontrar com Zelenskiy na segunda-feira 25: “Queremos ver a Rússia enfraquecida ao ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia”. Sergey Lavrov, por sua vez, afirmou que a Otan se tornou um alvo legítimo devido ao fornecimento desse armamento.
Nas últimas duas semanas, os Estados Unidos enviou à Ucrânia mais da metade – US$ 1,9 bilhão – da ajuda militar desde que a guerra começou. Mais de 60% dos suprimentos americanos chegou no mês passado: US$ 2,3 bilhões.
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A maior esperança de Guterres é conseguir um cessar-fogo em cidades cercadas para a retirada de civis. Outro objetivo é negociar como grandes potências podem proteger a neutralidade da Ucrânia quando os combates terminarem.
Mais de 200 ex-funcionários das Nações Unidas enviaram uma carta ao secretário-geral pedindo por uma intervenção da organização. Caso se abstivesse, correria risco de obsolescência e até extinção.