‘Saudável demais’: CIA diz que não há evidência de que Putin esteja doente
A mídia especula que Putin possa ter problemas de saúde, como câncer, mas a inteligência americana (e o Kremlin) negam
William Burns, diretor da CIA, a agência de inteligência civil do governo dos Estados Unidos, disse nesta quinta-feira, 21, que não há evidências de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esteja instável ou com problemas de saúde.
Crescentes especulações da mídia – não confirmadas – afirmam que Putin, que completa 70 anos este ano, pode estar sofrendo de problemas de saúde, possivelmente câncer. Mas Burns disse que não há informações da inteligência americana que sugiram isso.
“Há muitos rumores sobre a saúde do presidente Putin e, até onde sabemos, ele está totalmente saudável”, disse Burns durante o Aspen Security Forum, no Colorado.
O diretor da CIA brincou que Putin estava até “saudável demais”, acrescentando, às risadas, que este não era um julgamento formal de inteligência.
O Kremlin também descartou novamente os relatos de problemas de saúde de Putin como “nada além de falsificações”.
“Nos últimos meses, os chamados ‘especialistas’ em informação ucranianos, americanos e britânicos lançaram várias falsificações sobre a saúde do presidente. Mas não passam de falsificações”, disse o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, a repórteres nesta quinta-feira.
+ Especulações não param: Putin teve câncer ou está com Parkinson
Burns, que serviu como embaixador em Moscou, disse que observa e lida com o líder russo há mais de duas décadas. Putin é “um grande crente em controle, intimidação e vingança” e essas características se endureceram na última década, à medida que seu círculo de conselheiros se estreitou, disse o chefe da CIA.
“Ele está convencido de que seu destino como líder da Rússia é restaurar a Rússia como uma grande potência. Ele acredita que a chave para fazer isso é recriar uma esfera de influência na vizinhança da Rússia e ele não pode fazer isso sem controlar a Ucrânia.”
Burns viajou a Moscou em novembro passado para alertar sobre as sérias consequências de uma invasão à Ucrânia, após informações que os Estados Unidos coletaram sobre os planos da Rússia. O diretor da CIA disse que saiu do país “mais perturbado do que quando cheguei”.
Os planos do presidente russo foram baseados em “suposições profundamente falhas e algumas ilusões reais, especialmente sobre a Ucrânia e a vontade de resistir”, disse Burns.
“Putin realmente acredita em sua retórica. Eu o ouvi dizer isso em particular, ao longo dos anos, que a Ucrânia não é um país real. Bem, os países reais reagem. E foi isso que os ucranianos fizeram”, concluiu.
O debate sobre a saúde do líder russo ocorre enquanto os Estados Unidos confirmam o fornecimento de mais armas de longo alcance à Ucrânia. Serão enviados outros quatro sistemas avançados de foguetes Himars, elevando o número total para 16.
+ Por que o sistema de foguetes de longo alcance é importante para a Ucrânia
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o foco militar da Rússia na Ucrânia não era mais “apenas” o leste e deu a entender que a estratégia de Moscou mudou depois que o Ocidente forneceu armas mais poderosas à Ucrânia.
A CIA estima que as baixas russas na Ucrânia até agora atingiram cerca de 15.000 mortos e 45.000 feridos.
Para Burns, a atual concentração de forças da Rússia na região de Donbas sugere que os militares aprenderam duras lições. A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro, alegando falsamente que os falantes de russo nesta área, que fica no leste da Ucrânia, sofreram um genocídio e precisavam ser libertados.
A Rússia conseguiu ocupar partes do leste e do sul do país, mas falhou em seu objetivo original de capturar Kiev e, desde então, afirmou que seu principal objetivo era a libertação de Donbas.