Russos fogem para a fronteira após convocação militar de Putin
Filas quilométricas de carro se formaram na fronteira com a Geórgia, enquanto a Finlândia também registrou aumento de movimento na passagem
Filas de carros lotaram as passagens das fronteiras da Rússia nesta sexta-feira, 23, indicando que cidadãos russos estão tentando deixar o país para evitar uma convocação militar para a guerra na Ucrânia.
As rotas de saída pelas fronteiras estão congestionadas desde que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma “mobilização militar parcial” na quarta-feira 21, que pode levar 300.000 pessoas a serem convocadas para lutar.
O Kremlin diz que os relatos de pessoas em idade de combate (dos 18 aos 60 anos) fugindo são exagerados. Mas na fronteira com a Geórgia, filas quilométricas de carros se formaram, incluindo homens tentando escapar da guerra.
Alguns dos que se dirigem ao país vizinho também usaram bicicletas para contornar as filas de carros e evitar a proibição de atravessar a pé. Um desses homens, que não quis ser identificado, disse em entrevista à emissora britânica BBC que esperou mais de 12 horas na quinta-feira para conseguir atravessar a fronteira, citando temer ter que deixar seus estudos por conta da mobilização.
A Geórgia é um dos poucos países vizinhos em que os russos podem entrar sem precisar de um visto. A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 km com a Rússia, exige visto para viajar e também relatou um aumento no tráfego durante a noite – mas disse que estava em um nível administrável.
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Outros destinos acessíveis por via aérea – como Istambul, Belgrado ou Dubai – viram os preços das passagens de avião dispararem imediatamente após o anúncio da convocação militar. Algumas passagens esgotaram completamente. A mídia turca relatou um grande aumento nas vendas de passagens só de ida, enquanto os voos restantes para destinos sem visto podem custar milhares de euros.
A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, sinalizou na quinta-feira 22 que os russos que fogem do alistamento militar seriam bem-vindos em seu país. Segundo ela, desertores ameaçados por “repressão severa” receberão proteção caso a caso, após verificações de segurança. Lituânia, Letônia, Estônia e República Tcheca adotaram um tom diferente, dizendo que não ofereceriam refúgio aos russos em fuga.
A convocação provocou protestos nas principais cidades russas, incluindo Moscou e São Petersburgo, resultando em 1.300 prisões.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu aos russos que resistam à mobilização em seu discurso noturno na quinta-feira. Referindo-se às mortes de russos na guerra, ele disse: “Quer mais? Não? Então proteste. Lute. Fuja. Ou se renda ao cativeiro ucraniano”.