Rússia usa “dentes de dragão” contra a Ucrânia
Peças de cimento em forma de pirâmides estão sendo instaladas nas fronteiras do país de Putin para impedir contraofensiva dos ucranianos
A Rússia está construindo fortificações que incluem fossos, trincheiras, bloqueios e os chamados “dentes de dragão”, peças de cimento em forma de pirâmides, ao longo de toda sua fronteira com a Ucrânia. Segundo informações da rádio alemã Deutsche Welle, o país também está distribuindo obstáculos em lugares estratégicos de territórios ocupados, como no sudeste da região de Zaporíjia, no leste da Ucrânia e em volta do istmo que liga a península da Crimeia, com o intuito de se preparar e evitar uma possível contraofensiva da Ucrânia, impedindo o avanço de tanques e blindados, que serão obrigados a desviar suas rotas. No caso dos “dentes de dragão”, obstáculos utilizados durante a Segunda Guerra Mundial, geralmente vem acompanhado de minas e sistemas de artilharia.
“A Rússia entendeu que a derrota é possível após a ofensiva em Kharkiv, em 2022”, afirmou Rob Lee, associado do Foreign Policy Research Institute da Filadélfia, nos Estados Unidos. Segundo o especialista, o país de Vladimir Putin reconheceu que a Ucrânia tem capacidade de armar contraofensivas e retomar territórios.
E a estratégia pode trazer vantagens para a Ucrânia. De acordo com Niklas Masuhr, do Center for Security Studies da Escola Politécnica Federal de Zurique, essas construções evidenciam e potencializam as fraquezas do país de Putin e, sendo mais previsíveis, dão mais segurança aos ucranianos para atuar em circunstâncias improvisadas, em que se saem melhor. “Mas a situação é diferente. Nunca presenciamos ataques do exército ucraniano a posições russas tão fortificadas como essas. As contraofensivas anteriores foram contra tropas russas debilitadas”, opina.
Lee, porém, vai além em sua avaliação. Segundo ele, os tanques de combate e outros blindados ucranianos precisam agir de forma coordenada com engenheiros, artilharia e aviões para passar pelas fortificações e libertar os territórios ocupados. Por isso, em sua opinião, os equipamentos militares ocidentais recém-enviados à Ucrânia serão fundamentais e cruciais.