Rússia diz que interferência dos EUA na Venezuela é ‘lamentável’
Moscou se diz pronta para ajudar com negociações entre governo e oposição na Venezuela
A Rússia afirmou que está pronta para auxiliar no início de um diálogo entre o governo da Venezuela e a oposição, mas advertiu os Estados Unidos contra intervenções em assuntos internos de Caracas.
A Rússia tem apoiado o presidente Nicolás Maduro em meio ao impasse com o líder da oposição e presidente autoproclamado Juan Guaidó.
Maduro ainda mantém o controle de instituições estatais, incluindo as Forças Armadas, mas a maior parte dos países do Ocidente, incluindo os Estados Unidos, tem reconhecido Guaidó como presidente da Venezuela.
“Temos mantido contatos muito importantes com o governo deste país e estamos prontos para prover um serviço generoso para facilitar o processo de encontro de saídas para a situação”, disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, segundo a agência de notícias Tass.
Ryabkov também disse que a Rússia apresentou algumas propostas à Venezuela sobre como solucionar a crise, mas não forneceu detalhes.
Moscou tem investido bilhões de dólares na economia e na produção de petróleo da Venezuela.
Nesta terça-feira 12, partidários da oposição voltaram às ruas da Venezuela para manter a pressão contra Maduro e exigir que ele permita a entrada de auxílio humanitário no país, onde a escassez de alimentos e medicamentos é generalizada.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que Washington deve evitar qualquer interferência, incluindo militar, em assuntos internos da Venezuela.
Lavrov também disse que a Rússia está pronta para consultas sobre a situação da Venezuela de acordo com o estatuto da Organização das Nações Unidas.
Já o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, afirmou estar preocupado que se incite a um “derramamento de sangue” no país.
Questionado sobre a possibilidade de um conflito armado na Venezuela, Nebenzya afirmou ser algo que lhe preocupa.
Discussões no Conselho de Segurança
Nos últimos dias, o Conselho de Segurança da ONU vem tentando entrar em um acordo sobre uma resolução para a Venezuela.
Os Estados Unidos apresentaram uma minuta de resolução que aponta a Assembleia Nacional (Parlamento), de maioria opositora, como “a única instituição escolhida democraticamente na Venezuela” e respalda suas ações.
O texto americano ainda sugere que as eleições nas quais Nicolás Maduro foi reeleito não foram “nem livres, nem justas” e pede novo pleito para sair da crise.
Segundo Nebenzya, contudo, o projeto de resolução proposto por Washington é “totalmente desequilibrado”. Moscou apresentou seu próprio texto defendendo a “soberania” da Venezuela e pedindo diálogo, em resposta ao plano americano.
Nebenzya não quis dizer se seu país vetaria a resolução dos Estados Unidos, pois ainda não há um texto definitivo, mas enfatizou que é “muito lamentável” a tentativa de interferir nos assuntos internos da Venezuela.
Enquanto isso, ele disse que, por enquanto, a Rússia não considera solicitar uma votação sobre sua proposta.
(Com Reuters e EFE)