Em ‘nova fase’ da guerra, Rússia faz mais de 1,2 mil ataques na madrugada
País de Vladimir Putin quadruplicou os bombardeios; segundo ministro russo, país começou 'mais uma etapa' da invasão
O Ministério da Defesa da Rússia informou que as tropas do país realizaram 1.260 ataques na Ucrânia na madrugada desta terça-feira, 19. O número é quatro vezes maior ao dos ataques registrados pelo governo russo na segunda-feira 18. A intenção dos russos é tomar o controle de Mariupol e da região de Donbas, ambas ao leste, na ‘nova fase’ da guerra.
A grande maioria dos bombardeios ocorreu no leste da Ucrânia. O porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, disse que todos os ataques foram feitos contra alvos militares ucranianos. Já o governo de Kiev acusa os russos de atacarem locais com civis.
O aumento da ofensiva faz parte da ‘nova fase’ do conflito, confirmado pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em uma entrevista para uma TV da Índia. “Mais uma etapa desta operação está começando e tenho certeza que este será um momento muito importante de toda esta operação especial”, disse.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, havia afirmado na segunda-feira 18 que a Rússia “começou a grande batalha pelo Donbas”, em meio aos avanços de Moscou em sua ofensiva para controlar todo o leste do território ucraniano.
“Podemos confirmar que as tropas russas começaram essa batalha”, declarou o mandatário em uma mensagem de vídeo divulgada pelo portal Ukrinform. Em seguida, ele destacou que soldados soldados ucranianos “batalharão” e que “não cederão” nada do território do país.
Em mensagem no Telegram, o chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andriy Yermak, declarou que “a segunda fase da guerra começou”.
O Exército ucraniano se prepara há semanas para uma nova ofensiva ao flanco oriental do país, desde que Moscou retirou suas forças dos arredores de Kiev. Nos últimos dias, o Kremlin parecia ter deixado de lado a tentativa de capturar a capital ucraniana e voltado seus esforços para conquistar Mariupol, que fornece uma passagem por terra entre a região da Crimeia e o território russo, e a região de Donbas, bem próxima de Kharkiv.
Kharkiv e Mariupol foram as cidades mais atingidas ao longo dos últimos dias, vistas como cruciais para o controle da Rússia sobre um grande arco do país vizinho. Donbas, por sua vez, é onde ficam as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, reconhecidas como independentes por Moscou como pretexto para invadir a Ucrânia.
As autoproclamadas República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk são em boa parte controladas por separatistas pró-Moscou desde 2014 e palco de uma guerra que já deixou cerca de 15.000 mortos. Enquanto o governo ucraniano afirma que forças separatistas são “invasoras” e “ocupantes”, a Rússia sustenta que as forças são formas de defesa às agressões do governo ucraniano.
Segundo o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksiy Danilov, “as forças russas começaram a tentativa de iniciar a fase ativa nesta manhã”.
“Nesta manhã, ao longo de quase toda a frente leste das regiões de Donetsk, Luhansk e Kharkiv, os ocupantes tentaram quebrar nossas defesas”, afirmou.
Mais cedo nesta segunda-feira, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, pediu diretamente às autoridades da Rússia para abrirem um corredor de retirada de civis na cidade de Mariupol, que está sitiada há semanas.
Em um comunicado no Telegram, escrito em russo, Vereshchuk referiu-se ao “agravamento da situação em Mariupol” e exigiu ao governo russo que criasse um corredor de Mariupol a Berdiansk para civis. Ela também falou da necessidade de um corredor “urgente” do território da siderúrgica de Azovstal, onde um grupo de combatentes ucranianos criou uma fortaleza, para “mulheres, crianças e outros civis”.
O Ministério da Defesa russo disse que atingiu mais de 300 alvos militares na madrugada desta segunda-feira, incluindo depósitos de combustível, armazéns e outras infraestruturas militares, principalmente no leste da Ucrânia.
Segundo a pasta, as forças russas também estão prestes a obter o controle de Mariupol, onde combatentes ucranianos ainda se recusam a render-se. A cidade é o último obstáculo para a conclusão da “ponte terrestre” da Rússia para a Crimeia, invadida por Moscou em 2014.