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Rússia diz que negocia libertação de repórter dos EUA preso por espionagem

Jornalista do 'Wall Street Journal' foi detido nos Urais em março do ano passado e pode ser solto mediante troca de prisioneiros com Washington

Por Da Redação
Atualizado em 17 jun 2024, 11h55 - Publicado em 17 jun 2024, 09h21

O Kremlin disse nesta segunda-feira, 17, que já entrou em contato com os Estados Unidos para negociar a soltura de Evan Gershkovich, repórter americano detido na Rússia em março do ano passado sob acusações de espionagem, que ele e a Casa Branca negam. Sua libertação pode ocorrer mediante uma troca de prisioneiros, mas o processo das conversas entre os governos de ambos os países deve ficar longe da mídia, segundo o Estado russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, abordou o assunto em uma reunião com editores seniores de agências de notícias internacionais no início deste mês. Na ocasião, o mandatário afirmou que a Rússia e os Estados Unidos estavam em contato sobre a questão.

+ Na jaula do Kremlin

“Quero lembrá-los novamente da conversa do presidente com os chefes das agências de informação em São Petersburgo. Ele confirmou que existem tais contatos”, disse Peskov a repórteres durante um briefing. “Eles continuam, mas devem continuar a ser conduzidos em completo silêncio. Portanto, nenhum anúncio, declaração ou informação sobre esse assunto pode ser fornecido”, acrescentou.

Julgamento a portas fechadas

A agência de notícias estatal russa TASS informou, também nesta segunda-feira, que a data do julgamento do jornalista americano finalmente foi marcada para 26 de junho. O processo ocorrerá a portas fechadas no Tribunal Regional de Sverdlovsk, na cidade russa de Yekaterinburg.

O gabinete do procurador-geral russo disse na quinta-feira passada que aprovou a acusação e encaminhou o caso de Gershkovich para um tribunal de primeira instância. Segundo ele, o FSB “estabeleceu e documentou” que o repórter americano estava agindo de acordo com instruções da CIA no mês em que foi preso, alegando que tinha “recolhido informações secretas” sobre uma fábrica de tanques russa.

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Durante mais de um ano desde a sua detenção, o repórter do Wall Street Journal esteve na famosa prisão de Lefortovo, em Moscou. A corte em Yekaterinburg fica a mais de 1.700 quilômetros da capital.

Quem é o repórter americano

Gershkovich, 32 anos, foi detido pelo Serviço Federal de Segurança (FSB) em 29 de março de 2023, em uma churrascaria na cidade de Yekaterinburg, nos Urais, a 1.400 km de Moscou. Ele foi acusado de espionagem pelas autoridades russas, que disseram tê-lo capturado “em flagrante”, o que pode levar a até 20 anos de prisão.

Primeiro jornalista americano a ser detido sob acusações de espionagem na Rússia desde a Guerra Fria, há mais de três décadas, Gershkovich negou repetidamente as acusações. Diversos recursos contra sua detenção foram rejeitados pela Justiça, que também já prorrogou diversas vezes sua prisão preventiva.

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“Peões”

Os Estados Unidos argumentam que o Kremlin usa Gershkovich, bem como a outros cidadãos americanos, como “peões” para fins políticos. A estrela do basquete feminino americana Brittney Griner passou quase dez meses presa na Rússia por porte ilegal de cannabis até ser libertada em uma troca de prisioneiros de alto nível em dezembro de 2022. A embaixadora americana em Moscou, Lynne Tracy, disse em entrevista à agência de notícias Reuters que a prisão do jornalista foi igualmente injusta.

“O caso de Evan não é sobre provas, devido processo legal ou Estado de direito. Trata-se de usar os cidadãos americanos como peões para atingir fins políticos, como o Kremlin também está fazendo no caso de Paul Whelan”, disparou a diplomata.

Whelan, no caso, foi preso em Moscou em 2018 e, depois, condenado por espionagem em 2020, sendo sentenciado a 16 anos de prisão. Segundo o governo dos Estados Unidos, a acusação não tem mérito.

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