Rússia diz não haver progresso significativo em negociação de paz com Kiev
Situação atual, segundo porta-voz, não cria condições para possível reunião entre Vladimir Putin e presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky
A repórteres em teleconferência, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta segunda-feira, 21, que conversas de paz entre Rússia e Ucrânia ainda não renderam progressos significativos. Dentro da situação atual, segundo ele, ainda não há uma base para uma possível reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Para falarmos de um encontro entre os dois presidentes, o dever de casa precisa ser feito. Conversas precisam ser feitas e seus resultados aceitos”, disse Peskov. “Não há progressos significativos até o momento”.
A fala do porta-voz se dá em meio aos avanços russos contra a cidade portuária de Mariupol, sob constantes bombardeios desde o início de março. No domingo, o conselho municipal afirmou que cidadãos estão sendo levados à Rússia contra vontade por forças russas e muitos foram forçados a entregar seus telefones e documentos. A Rússia nega.
Enquanto Moscou acusa Kiev de estagnar as conversas ao apresentar propostas que seriam inaceitáveis à Rússia, a Ucrânia diz estar disposta a negociar, mas que não irá se render ou aceitar ultimatos russos. No domingo, Zelensky voltou a afirmar que está pronto para negociar diretamente com Putin.
Durante a teleconferência, Peskov também reiterou declarações de que a Rússia estaria mostrando maior desposição a um acordo do que negociadores ucranianos.
“Estes países que conseguem, deveriam usar suas influências sobre Kiev para acomodar e melhorar a construção destas conversas”, disse.
Na quarta-feira, 16, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que partes do acordo negociado com a Ucrânia para tentar encerrar o conflito estão perto de serem fechadas. Segundo o chanceler, a neutralidade de Kiev, um dos principais pontos de embate entre os países e exigência de Moscou para acabar com a guerra, está sendo seriamente discutida.
As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militaresna Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.
A fala de Lavrov seguiu uma declaração do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que as rodadas de negociações se tornaram mais realistas.
“As reuniões continuam e, pelo que eu fui informado, as posições já soam mais realistas. Mas mais tempo será necessário para que as decisões estejam de acordo com os interesses da Ucrânia”, disse na noite de terça-feira, 15.
Mais cedo, ele já havia sinalizado que que seu país precisa entender que “a porta da Otan não está aberta” para admissão, em referência à principal aliança militar ocidental.