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Reunião de cúpula em Israel é cancelada por crise diplomática com Polônia

Netanyahu acusou os poloneses de terem cooperado com os nazistas e o chanceler Shamir declarou que eles 'sugam o antissemitismo com o leite materno'.

Por Da redação
Atualizado em 18 fev 2019, 16h57 - Publicado em 18 fev 2019, 15h36

Uma reunião de chefes de governo da Europa Central marcada para esta terça-feira, 19, em Jerusalém teve que ser cancelada depois que a Polônia se recusou a participar do evento. Varsóvia irritou-se com comentários do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e do ministro de Relações Exteriores do país sobre o papel dos poloneses durante o Holocausto.

“A Polônia cancelou sua participação, então não haverá reunião de cúpula dos quatro países de Visegrado (Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia) em Israel”, afirmou o primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, nesta segunda-feira, 18.

Segundo Babis, o evento será substituído por “discussões bilaterais”. A decisão polonesa de não participar do encontro foi tomada depois que Netanyahu e o recém-nomeado ministro das Relações Exteriores do país, Yisrael Katz, fizeram declarações sobre a colaboração dos poloneses com os nazistas durante o Holocausto.

Em uma conferência sobre Oriente Médio organizada pelos Estados Unidos e pela Polônia, na semana passada, Netanyahu disse que “os poloneses cooperaram com os alemães” durante o Holocausto.

Seu gabinete afirmou mais tarde que o premiê disse apenas que alguns poloneses colaboraram com os nazistas, mas não todo o povo da Polônia, como sugeriam algumas traduções feitas pela imprensa local.

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O governo polonês, contudo, convocou o embaixador israelense em Varsóvia para pedir explicações sobre o caso na sexta-feira 15 e, mais tarde,  disse não estar satisfeito com a explicação do líder israelense.

A gota d’água para o governo de Varsóvia, porém, foram as afirmações de Katz. O ministro disse à emissora israelense i24 News, no domingo 17, que “muitos poloneses colaboraram com os nazistas e, como disse (o ex-primeiro-ministro israelense) Yitzhak Shamir, ‘os poloneses sugam o antissemitismo com o leite materno'”.

“As palavras do ministro das Relações Exteriores de Israel são racistas e inaceitáveis. Está claro que o nosso ministro das Relações Exteriores (Jacek Czaputowicz) não irá à reunião de cúpula”, declarou o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki.

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“Esperamos uma reação firme às palavras imperdoáveis e simplesmente racistas do novo ministro das Relações Exteriores de Israel, algo que não pode ficar sem resposta”, declarou à imprensa polonesa.

O Grupo de Visegrado se reúne anualmente para discutir sua cooperação em economia, cultura, educação e ciência. Há muitos anos, o governo de Netanyahu tentava atrair os parceiros do Visegrado para um encontro em Jerusalém, como meio de aprofundar as relações entre Israel e os quatro países do leste Europeu. Os primeiros-ministros da Hungria e da Eslováquia já estavam em Israel quando o encontro foi cancelado.

Varsóvia e Jerusalém tiveram grande discussão no ano passado sobre uma nova lei polonesa que tornou ilegal culpar a Polônia por colaboração no Holocausto. O governo nacionalista do país europeu procurou se concentrar apenas em casos de heroísmo por parte dos poloneses durante a ocupação alemã do país na Segunda Guerra Mundial.

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A lei foi vista por muitos como uma tentativa de anular a pesquisa e a discussão sobre participação de poloneses no assassinato da população judaica da Polônia.

A Alemanha nazista assassinou 6 milhões de judeus durante o Holocausto, muitos deles na Polônia. Apesar da recusa do governo de Varsóvia em admitir, alguns poloneses colaboraram com os nazistas.

(Com AFP, EFE e Estadão Conteúdo)

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