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Republicano desafia reeleição de Donald Trump

Ex-governador de Massachusetts William Weld vai contra liderança do partido, que tenta sufocar outras pré-candidaturas em 2020.

Por Lúcia Guimarães Atualizado em 17 abr 2019, 18h49 - Publicado em 17 abr 2019, 18h01

“Nós somos dois homens laranjas”, declarou em tom de chacota o ruivo Bill Weld, ex-governador de Massachusetts, ao mencionar seu concorrente no Partido Republicano à vaga de candidato à Presidência dos Estados Unidos em 2020. Referia-se ele ao titular da Casa Branca, Donald Trump, com pré-campanha eleitoral já em curso. “E não temos mais nada em comum, a não ser talvez, gostar de cortar impostos”, completou, ao lançar-se pré-candidato.

O anúncio, na terça-feira 16,  já era esperado desde que Weld, de 73 anos, declarara em fevereiro que o país passa “por grave perigo” sob a batuta de Trump. Tornou-se o primeiro, e talvez o único, a desafiar o atual presidente nos círculos republicanos. “Não posso ficar passivo quando nossa preciosa democracia desliza para a escuridão.”

William Floyd Weld nasceu em Nova York em família tradicional e influente, mas construiu quase toda sua carreira política no Estado de Massachusetts, onde foi promotor federal, nomeado por Ronald Reagan, e governador entre 1991 e 1997.

Esta será a segunda vez que enfrentará Trump. Em 2016, ele se candidatou a vice de Gary Johnson na chapa do pequeno Partido Libertário. A dupla conseguiu 4,5 milhões de votos, o melhor desempenho eleitoral dos libertários. Depois das convenções, apoiou Hillary Clinton e diz que votou na democrata para a Casa Branca.

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Partido de Trump

É a primeira vez, desde 1992, que um presidente em primeiro mandato enfrenta um desafiador nas primárias do próprio partido. Mas há grande diferença entre o Partido Republicano, quando George Bush pai, era presidente dos Estados Unidos e enfrentava o populista Pat Buchanan, e a legenda neste 2019. Agora, é mais conhecido como o Partido de Trump.

Trata-se de uma façanha creditada ao presidente e a sua base partidária. O cenário encontrado por Trump na época da convenção republicana de julho de 2016 era bem diferente e exigiu dele o esforço de enfrentar uma revolta do establishment conservador. Trump só conseguiu garantir a unidade entre os delegados do partido para ser confirmado candidato graças às manobras de seu ex-chefe de campanha e hoje presidiário, Paul Manafort.

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Com a popularidade historicamente baixa, a estratégia Trump para 2020 é sufocar a dissidência interna a qualquer preço. Seus assessores políticos em Washington têm sido despachados para garantir o aparelhamento da máquina partidária nos estados e municípios.

São estes burocratas que, longe da ribalta nacional, decidem sobre a arrecadação de fundos de campanha e até sobre o processo de seleção de delegados para a convenção que escolherá o candidato republicano – Trump ou Weld. A convenção republicana vai ser em Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, em agosto de 2020.

Qual a chance de um candidato que não ganha uma eleição desde 1995 mobilizar as hostes republicanas? Bill Weld diz que o partido está sendo controlado por um punhado de caciques e que eles não representam a vontade do eleitor médio.

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Revelou, em uma série de entrevistas, que sua estratégia vai se concentrar no aumento do guarda-chuva eleitoral, tentando atrair independentes, jovens e mulheres suburbanas. Em especial, este último grupo, responsável pela recuperação da maioria democrata na Câmara, em novembro passado.

Laranja X laranja

De fato, o número de americanos que se declaram independentes – ou seja, sem compromisso de votar em democratas e republicanos – tem aumentado. Na última pesquisa sobre filiação partidária do Pew Research Center, 38% dos entrevistados se declararam independentes, contra 31% dos que se disseram democratas e 26% dos republicanos.

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Talvez a força de Bill Weld para bater de frente com o outro laranja, um notório bully de comício, seja mais simples. “Ele está pouco se lixando”, diz um conhecido seu, veterano repórter de Boston que acompanhou Weld de perto desde os anos 1980, quando ele era promotor.

O jornalista Charles P. Pierce escreveu recentemente na revista Esquire:

“Ele é o último da velha guarda de políticos WASP (abreviatura em inglês de branco protestante anglo-saxão), nascido no privilégio e educado para o serviço público. Ele conhece sua família dez gerações atrás. Você não vai conseguir deixá-lo nervoso com um apelido estúpido ou alguma provocação de refeitório escolar.”

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Maconha e independência

A independência de Weld é conhecida. Ele era popular em 1997, depois de uma reeleição que bateu recorde de votos em Massachusetts. Mas o então governador abriu mão do fim do mandato para aceitar a indicação do democrata Bill Clinton para a embaixada dos Estados Unidos no México. Como Weld já defendia naquele ano a legalização da maconha para uso medicinal, o senador ultraconservador Jesse Helms, que controlava as audiências de confirmação de embaixadores, sabotou a nomeação. Weld teve de desistir.

Weld apoiou Barack Obama contra o então senador John McCain em 2008, mas preferiu o amigo republicano Mitt Romney contra Obama em 2012. Se eleito, promete dar indulto presidencial a Edward Snowden, o ex-expião americano responsável pelo maior vazamento de dados inteligência da história, em 2013, que vive asilado em Moscou.

Nas primeiras escalas de campanha no Estado de New Hampshire, o pré-candidato republicano criticou Trump como um gastador descontrolado que mina a segurança nacional americana ao se afastar de países aliados e enaltecer ditadores. Ele se vende como um conservador econômico e liberal em costumes.

Também ataca com frequência o caráter do presidente. Mas Trump não recebeu os 6 milhões de votos que migraram da candidatura de Obama para a sua porque se comportava como sacristão. Com desemprego mais baixo, especialmente nas regiões que o elegeram, o presidente aposta que muitos vão votar tapando o nariz e marcar o nome dele na cédula.

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