Reino Unido congela contas de energia em plano de 150 bilhões de libras
Nova premiê do Reino Unido, Liz Truss, limitou valor das contas a 2.500 libras por ano, financiadas por empréstimos
A recém-empossada primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, anunciou nesta quinta-feira, 8, que vai congelar contas de energia em uma média de 2.500 libras (15.100 reais) por ano até 2024 a partir de 1º de outubro, prometendo combater as causas da crise energética no país por meio de planos para aumentar a oferta, incluindo a retomada do controverso fraturamento hidráulico (fracking).
O plano limita o preço que os fornecedores de energia podem cobrar dos clientes por unidades de gás natural. Truss vai remover temporariamente os impostos das contas para financiar o avanço de fontes renováveis, no valor de cerca de 150 libras por ano (900 reais). O plano vai abarcar a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales, mas espera-se que algo semelhante aconteça na Irlanda do Norte.
O financiamento para o plano do governo ocorrerá através do aumento dos empréstimos. O custo deve ser de cerca de 150 bilhões de libras (cerca de 900 bilhões de reais). Truss disse que, na média, famílias britânicas vão economizar cerca de 1.000 libras (6.000 reais) no total a partir de outubro por causa da redução de preço, além do desconto de 400 libras (2.400 reais) anunciado anteriormente durante o governo de Boris Johnson.
“No início desta semana, prometi que lidaria com os crescentes preços da energia enfrentados por famílias e empresas em todo o Reino Unido”, disse Truss. “E hoje estou cumprindo essa promessa.”
A premiê afirmou que a nova garantia de preço, além de garantir segurança energética, conterá a inflação e impulsionará o crescimento econômico. Ela acrescentou que a garantia substitui o limite de preço do regulador de energia do Reino Unido, Ofgem, e foi acordada com varejistas de energia.
Para empresas e órgãos do setor público, como escolas e instituições de caridade, um esquema de seis meses oferecerá o que foi chamado de “apoio equivalente” àquele para famílias, com uma revisão em três meses sobre como ele poderia ser mais bem direcionado.
Truss também anunciou esquemas que, segundo ela, aumentariam a resiliência energética, incluindo cerca de 100 novas licenças de exploração de petróleo e gás e o fim da moratória sobre o fracking para gás de xisto, além de acelerar novas fontes de fornecimento de energia, incluindo nuclear, eólica e solar.
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A decisão de permitir o fracking provavelmente será controversa. A prática foi proibida em 2019, após a preocupação com o efeito dos tremores de terra causados pela injeção de água a alta pressão no solo para liberar a saída de combustíveis fósseis para a superfície.
A Truss também anunciou uma revisão da estratégia para zerar emissões líquidas de carbono do país, devido ao “panorama econômico alterado”. A revisão provavelmente fará soar o alarme dos ativistas ambientais, mas será presidida por Chris Skidmore, líder do grupo carbono zero de parlamentares conservadores e um dos principais defensores do cumprimento das metas.
Autoridades do Tesouro esperam que a intervenção reduza a inflação prevista em cerca de quatro a cinco pontos percentuais, o que, segundo eles, reduziria os juros da dívida pública.
O esquema foi delineado para a Câmara dos Comuns como um debate geral, em vez de uma declaração ministerial, como geralmente é o caso de tais anúncios. Antes do discurso de Truss, o presidente da Câmara, Lindsay Hoyle, disse estar “muito desapontado” pelos detalhes do plano não terem sido fornecidos aos parlamentares com antecedência.