Reencontro de famílias coreanas separadas pela guerra será retomado
Na Coreia do Sul, 57.000 pessoas estão registradas para rever seus parentes da Coreia do Norte; iniciativa estava suspensa desde 2015
Representantes da Cruz Vermelha da Coreia do Norte e Coreia do Sul se reuniram nesta sexta-feira (22) para discutir a retomada dos reencontros de famílias separadas pela guerra (1950-1953). Trata-se do capítulo mais sensível para a população dos dois países neste mais recente esforço de aproximação entre as duas nações.
Apenas 57.000 pessoas registradas na Cruz Vermelha sul-coreana para rever seus parentes continuam vivas, e a maioria supera os 70 anos.
Milhões de pessoas foram separadas há quase 70 anos pelo conflito, que dividiu a Península Coreana e impôs aos dois lados um clima de tensão permanente e de proibição completa da comunicação entre civis. Muitos coreanos morreram sem rever nem receber qualquer notícia sobre seus parentes.
Durante o encontro entre o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, o reinício das reuniões familiares foi determinado. A última vez que isso aconteceu foi em 2015. Os reencontros geralmente acontecem com apenas uma centena de selecionados dos dois lados da fronteira.
Para os escolhidos, as reuniões provocam emoções muito fortes: eles têm apenas três dias para tentar compensar uma ausência de várias décadas, e o evento termina com uma nova separação. Desta vez, provavelmente definitiva.
“Vamos fazer desta reunião um sucesso de organização, do ponto de vista humanitário”, declarou Park Kyung-seo, coordenador da delegação sul-coreana, no início das conversações na estação norte-coreana Monte Kumgang.
“O fato de que o Norte e o Sul estão reunidos para as primeiras conversações da Cruz Vermelha em nosso célebre Monte Kumgang é significativo por si só”, respondeu Pak Yong Il, que lidera a delegação norte-coreana.
Após alguns encontros esporádicos, a política de reencontros começou realmente no ano 2000, ao final de uma reunião histórica entre autoridades das duas Coreias. Inicialmente, aconteciam todos os anos, mas depois se tornaram menos frequentes em consequência da tensão na península. Pyongyang vinha utilizando os reencontros como moeda de troca política, rejeitando sua realização em alguns casos e cancelando alguns no último momento, conforme recebia concessões do Sul.