Putin promete doação de grãos à África apesar de sanções do Ocidente
Moscou anunciou na semanada passada retirada de acordo mediado pela ONU para exportação de grãos ucranianos, medida criticada por órgãos internacionais
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeu nesta quinta-feira, 27, dezenas de milhares de toneladas de grãos dentro de alguns meses a países africanos, parte da entrega na forma de doações, apesar de sanções ocidentais que, segundo ele, dificultam a exportação de grãos e fertilizantes por parte de Moscou.
Durante discurso em São Petersburgo na segunda cúpula Rússia-África, Putin disse esperar uma safra recorde de grãos este ano, fazendo com que a Rússia esteja pronta para substituir exportações ucranianas de grãos para a África tanto com base comercial quanto de ajuda humanitária.
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“Estaremos prontos para fornecer a Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia 25-50.000 toneladas de grãos grátis cada um nos próximos 3-4 meses”, disse Putin aos representantes presentes na cúpula, que reagiram com aplausos. “Também forneceremos entrega gratuita desses produtos aos consumidores”.
No início da semana passada, Moscou anunciou que sairia de um acordo de exportação de grãos, mediado pelas Nações Unidas há um ano, medida que órgãos internacionais alertam que pode criar um cenário de fome no mundo. Apenas um dia depois da retirada, os mercados globais viram os preços dos grãos subirem em até 8%. Esse colapso do acordo também significa que a Rússia retomou os ataques a portos da Ucrânia, que tinham sido suspensos quando o governo russo ainda participava do pacto.
Em resposta às críticas ocidentais à decisão de deixar o pacto, Putin reiterou que Moscou saiu porque nenhuma das promessas feitas sobre facilitar suas próprias exportações de grãos e fertilizantes tinha sido atendido.
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Ainda segundo o presidente russo, mais de 70% dos grãos ucranianos exportados graças ao acordo agora caducado foram para países de renda alta ou acima da média, inclusive na União Europeia, e que países pobres como o Sudão foram “passados para trás” e receberam menos de 3% das remessas.
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“Está surgindo um quadro paradoxal. Por um lado, os países ocidentais estão obstruindo o fornecimento de nossos grãos e fertilizantes (através de sanções), enquanto, por outro lado, eles nos culpam hipocritamente pela atual situação de crise no mercado mundial de alimentos”, disse Putin.