Putin nega planos para enviar armas nucleares ao espaço
EUA acusaram Moscou de estar desenvolvendo um armamento espacial antissatélite que seria equipado com ogiva nuclear
Em uma reunião televisionada nesta terça-feira, 20, entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o ministro da Defesa do país, Sergei Shoigu, ambas autoridades rejeitaram acusações feitas pelos americanos de que Moscou estaria planejando implantar armas nucleares no espaço.
“Nossa posição é clara e transparente. Sempre fomos categoricamente contra a implantação de armas nucleares no espaço e ainda o somos”, disse Putin, argumentando que a Rússia se ofereceu “várias vezes” para ajudar a fortalecer acordos internacionais sobre armamento espacial.
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Já Shoigu disparou que o país sequer desenvolve armas nucleares no espaço e acusou os Estados Unidos de saberem disso, “mas ainda estão fazendo barulho”. O ministro da Defesa disse que a acusação era um estratagema para assustar o Congresso americano, para que os legisladores aprovem um novo pacote de ajuda financeira e militar para a Ucrânia – um grupo de deputados republicanos linha-dura barrou há meses uma iniciativa para enviar mais US$ 60 bilhões ao país em guerra.
Preocupação americana
Na semana passada, autoridades dos Estados Unidos disseram que a Rússia estava desenvolvendo uma nova arma antissatélites “preocupante”. O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, o republicano Mike Turner, emitiu avisos vagos sobre uma “séria ameaça à segurança nacional”. A mídia americana, com base em informações de funcionários do governo americano, indicou que o equipamento espacial seria armado com uma ogiva nuclear.
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O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que o governo estava levando o desenvolvimento “muito a sério” e que o presidente americano, Joe Biden, já havia ordenado “um envolvimento diplomático direto com a Rússia” para tratar da ameaça. No entanto, tranquilizou a população ao afirmar que a arma não apresenta ameaça imediata aos americanos.
“Não estamos falando de uma arma que possa ser usada para atacar seres humanos, ou causar destruição física, aqui na Terra”, disse ele.
Além disso, Kirby rejeitou com veemência a acusação de Moscou de que haveria motivos ulteriores por trás do alerta contra a nova arma russa, supostamente conectados à aprovação de financiamento à Ucrânia.
Coisa de ficção?
Embora armas espaciais pareçam um elemento arrancado das páginas de livros de ficção científica, especialistas há muito alertam que o espaço será provavelmente a próxima fronteira da guerra, em um mundo crescentemente dependente da tecnologia.
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Observadores militares indicam que tanto Rússia quanto China investem pesado no desenvolvimento das capacidades militares no espaço, na tentativa de se igualarem aos Estados Unidos. As três potências já têm capacidade para atacar satélites em todo o mundo, mas, em teoria, não para usar armas nucleares fora da Terra.
Washington, Pequim e Moscou são signatários do Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe o envio à órbita de “quaisquer objetos que transportem armas nucleares ou quaisquer outros tipos de armas de destruição em massa”. No entanto, o texto não oferece nenhuma garantia de segurança no atual clima geopolítico, devido à tendência de autocracias, como a Rússia, de desrespeitar obrigações de outros pactos.