Putin leva ‘maleta nuclear’ da Rússia em visita à China
Oficiais da marinha acompanharam o predidente russo, nos corredores de Pequim, com malas que podem ser usadas para comandar um ataque atômico
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, protagonizou imagens raras nesta quarta-feira 18, em que saiu de uma reunião com o líder chinês, Xi Jinping, em Pequim, acompanhado por seguranças e dois oficiais da marinha russa, ambos uniformizados e cada um com uma “maleta nuclear”, que pode ser usada para comandar um ataque atômico.
As pastas estão sempre com Putin, mas geralmente não são filmadas com tanta facilidade. Elas são conhecidas como “Cheget”, em referência ao Monte Cheget, nas montanhas do Cáucaso.
Putin, is clearly over the moon, running around with his best friend, Xi, in China, accompanied by officers carrying the so-called nuclear briefcase which can be used to order a nuclear strike.
Russia's nuclear briefcase is traditionally carried by a naval officer. Known as the… pic.twitter.com/H2gQsarr7q
— Yasmina (@yasminalombaert) October 18, 2023
“Existem certas malas sem as quais nenhuma viagem de Putin está completa”, repercutiram os correspondentes do Kremlin à agência estatal russa de notícias, RIA.
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As maletas russas, que passearam pelos corredores de Pequim, permitem que o líder do Kremlin estabeleça uma comunicação remota, porém segura, como o alto escalão militar e acione foguetes através da rede eletrônica de comando e controle secreto, a “Kazbek”.
Esse item de viagem não é exclusivo ao presidente russo. O governo dos Estados Unidos também dispõe de sua própria maleta, a qual denominam “football nuclear” – que contém os códigos que o chefe da Casa Branca pode usar para autenticar uma possível ordem de lançamento de mísseis nucleares.
As imagens vieram a público logo após o parlamento da Rússia aprovar um projeto de lei que revoga a ratificação do tratado de proibição de testes nucleares, nesta quarta-feira, 18. Isso vai de encontro com um desejo de Putin, que justifica a mudança como forma de “espelhar” a decisão de Washington de nunca ratificar o acordo de 1996, embora o tenha assinado.
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“Compreendemos a nossa responsabilidade para com os nossos cidadãos, estamos protegendo nosso país. O que está acontecendo no mundo hoje é culpa exclusiva dos Estados Unidos”, disparou Vyacheslav Volodin, presidente do parlamento.
Apesar das movimentações, Moscou já declarou que não retomaria os testes a menos que Washington o fizesse, o que preocupa analistas internacionais. Especialistas dizem que um teste realizado pela Rússia ou pelos Estados Unidos poderia inspirar potências como China, Índia e Paquistão a seguirem pelo mesmo caminho.
Desde a invasão da Ucrânia no ano passado, Putin insiste em lembrar ao Ocidente sobre o poderio nuclear russo e encontra na China uma aliada recorrente em tempos de relações acirradas no tabuleiro geopolítico.