Putin lança ameaça ao sugerir que Polônia quer entrar na guerra da Ucrânia
O presidente russo afirma que o país membro da Otan deseja conquistar território ucraniano e bielorrusso

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Polônia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), de ter planos de intervir na guerra na Ucrânia, enviando soldados para o oeste do país vizinho com o apoio de outras nações do Ocidente. O líder do Kremlin afirmou que qualquer agressão contra a vizinha Belarus seria considerada um ataque à Rússia.
Em uma reunião com seu Conselho de Segurança, Putin disse que Moscou reagiria a qualquer agressão contra Belarus, uma aliada próxima do país, “com todos os meios à nossa disposição”. A ameaça, segundo ele, se deve às supostas ambições territoriais da Polônia nos territórios da ex-União Soviética.
O líder russo sugeriu que há planos de uma unidade militar polaco-lituana para operações no oeste da Ucrânia, segundo relatos da mídia, com objetivo de ocupar a área. No passado, o território, altamente russófono, já fez parte da Polônia.
“Sabe-se que eles também sonham com as terras bielorrussas”, alegou Putin. “Mas, no que diz respeito à Belarus, ela faz parte da União Estatal (com a Rússia); desencadear uma agressão contra a Belarus vai significar agressão contra a Federação Russa.”
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A acusação, aparentemente sem provas, foi amparada por um relatório do chefe do Serviço de Inteligência Estrangeiro, Serguei Narichkin.
Na quarta-feira 19, o Comitê de Segurança de Varsóvia decidiu mover unidades militares para o leste da Polônia depois que membros da força mercenária russa Wagner chegaram a Belarus. O chefe do grupo, Yevgeny Prigozhin, foi gravado em vídeo dando boas-vindas a seus combatentes, dizendo que eles não participariam mais da guerra na Ucrânia, mas ordenando que reunissem forças para operações na África.
Prigozhin defende que o grupo Wagner, por trás da conquista da cidade ucraniana de Bakhmut, é a força de combate mais eficaz da Rússia. Porém, os frequentes confrontos com o Kremlin levaram a um motim armado fracassado há quatro semanas. A insurreição terminou com um acordo de anistia que prevê a anexação dos combatentes ao exército regular da Rússia. Os que quisessem ficar de fora, contudo, os poderiam se mudar para Belarus.
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Na quinta-feira 20, Minsk anunciou que os mercenários começaram a treinar forças especiais bielorrussas em um campo militar a apenas alguns quilômetros da fronteira polonesa. A Rússia também instalou armas nucleares táticas em Belarus nas últimas semanas.
O Kremlin disse que Putin vai se encontrar com o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, com quem fala regularmente, na Rússia no próximo domingo, 23.
Varsóvia negou quaisquer ambições territoriais em Belarus. O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, disse nesta sexta-feira que a Alemanha e a Otan estão preparadas para apoiar a Polônia na defesa do flanco oriental da aliança.