Putin cria processo relâmpago para ucranianos receberem cidadania russa
A medida objetiva fortalecer ainda mais a influência de Moscou sobre a Ucrânia, ao lado da introdução do rublo russo em território ocupado no país vizinho
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto nesta segunda-feira, 11, para criar um procedimento mais rápido e menos burocrático para ucranianos obter cidadania, ou naturalidade, russa. A medida objetiva fortalecer ainda mais a influência de Moscou sobre a Ucrânia, enquanto a guerra continua.
Até recentemente, apenas os residentes das regiões separatistas pró-Rússia de Donetsk e Luhansk, bem como os moradores das regiões sul de Zaporizhzhia e Kherson – quase inteiras sob controle russo –, eram elegíveis para solicitar o procedimento simplificado de passaporte. Agora, o sistema se aplica até a residentes apátridas atualmente na Ucrânia.
Entre 2019, quando o procedimento foi introduzido para os moradores de Donetsk e Luhansk, e este ano, mais de 720.000 pessoas que vivem nas áreas controladas pelos rebeldes – cerca de 18% da população – receberam passaportes russos.
No final de maio, três meses após a Rússia ter invadido a Ucrânia, o procedimento acelerado também foi oferecido aos moradores das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.
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A mudança parece fazer parte da estratégia de influência política de Putin, que também envolveu a introdução do rublo russo em território ocupado na Ucrânia e pode resultar na anexação de mais território ucraniano à Federação Russa. A Rússia já anexou a Península da Crimeia da Ucrânia no Mar Negro em 2014.
O presidente russo preparou o terreno para tais movimentos antes mesmo da invasão em 24 de fevereiro, escrevendo um ensaio no ano passado alegando que russos e ucranianos são um só povo e tentando diminuir a legitimidade da Ucrânia como nação independente. Surgiram relatos de autoridades russas confiscando passaportes ucranianos de alguns cidadãos.
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O anúncio sobre os passaportes ocorreu horas após um bombardeio em Kharkiv nesta segunda-feira, que matou pelo menos seis pessoas e feriu outras 31. O exército russo bombardeou a segunda maior cidade da Ucrânia três vezes seguidas e, segundo o Ministério da Defesa da Rússia, atingiu “batalhões nacionalistas” da Ucrânia.
O governador regional de Kharkiv, Oleh Syniehubov, disse no Telegram, no entanto, que os feridos e hospitalizados incluíam crianças de 4 e 16 anos.
“Apenas estruturas civis – um shopping center e casas de moradores pacíficos de Kharkiv – ficaram sob o fogo dos russos. Vários projéteis atingiram os quintais de casas. Garagens e carros também foram destruídos. Vários incêndios começaram”, escreveu Syniehubov.