Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Putin completa 20 anos à frente da Rússia; relembre sua trajetória

Empossado primeiro-ministro em 1999 para dar continuidade às reformas democráticas, o ex-agente da KGB deu uma guinada ao autoritarismo

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h41 - Publicado em 8 ago 2019, 15h08

Quando Vladimir Putin foi nomeado primeiro-ministro da Rússia, em agosto de 1999, muitos pensavam que o então desconhecido ex-diretor da KGB, a polícia secreta do período soviético, continuaria as reformas democráticas após o fim da União Soviética. Desde então, porém, ele impôs seu poder unipessoal e, passados vinte anos, parece determinado a conservar sua autoridade em Moscou.

Nas últimas semanas, o veto das autoridades russas às candidaturas de oposição nas eleições municipais de várias grandes cidades, incluindo Moscou, e a dura repressão policial e judicial ao movimento de protesto deixaram pouca margem para dúvidas.

Polícia detém manifestantes em Moscou
Policiais detêm o líder de oposição russa, Alexei Navalny, durante uma manifestação em apoio ao jornalista investigativo Ivan Golunov, preso e acusado de tráfico de drogas em Moscou – 12/06/2019 (Maxim Shemetov/Reuters)

Ao mesmo tempo em que afastava as principais vozes críticas à sua atuação e dissidentes – como o ex-espião Sergei Skripal, envenenado em março de 2018 na Inglaterra, e o político e banqueiro Alexei Navalny, vítima de uma tentativa de envenenamento neste ano na cadeia – Putin, de 66 anos, angariou apoio popular ao devolver a Rússia a um espaço preponderante no cenário internacional e por conseguir uma certa estabilidade econômica. Sua tarefa, agora, é não deixar a oposição levantar a cabeça.

Até o momento, a Constituição não permite a Putin uma nova candidatura em 2024, quando termina seu mandato. O suposto fim de seu governo deixa a classe política russa no limbo sobre suas intenções.

A questão da sucessão é importante ainda mais porque a popularidade de Putin, estratosférica após a anexação da Crimeia, caiu desde o anúncio de uma impopular reforma da Previdência, no ano passado. As regras propostas são repelidas pela população, com renda em queda há cinco anos.

Continua após a publicidade

“Atualmente, Putin e seu entorno buscam todos os meios para não partir”, afirma o jornalista político Georgui Bovt, para quem o presidente russo acredita que deve “cumprir uma missão histórica”.

A história política de Vladimir Putin começou em 9 de agosto de 1999, quando o então presidente Boris Yeltsin anunciou a nomeação do diretor do FSB, órgão herdeiro da KGB soviética, como chefe de Governo. Analistas consideravam Putin um representante do serviço de Inteligência, com capacidade de acabar com a instabilidade política e a revolta no Cáucaso.

Ele também era visto como um homem de Estado eficaz, que iniciou sua carreira ao lado do liberal prefeito de São Petersburgo, Anatoli Sobchak, e que foi escolhido por Yeltsin para manter a Rússia no caminho da economia de mercado. Debilitado, o então presidente renunciou em 31 de dezembro de 1999 e explicou em cadeia nacional de televisão que Putin ficaria responsável por “consolidar a sociedade e garantir a continuidade das reformas”.

Poder ilimitado

“No início de seu reinado, a Rússia, ainda pobre e com índice elevado de criminalidade, continuava sendo um país livre e democrático”, disse o jornalista Nikolai Svanidzeh, que recorda um Putin “agradável e conversador, natural e com senso de humor” em seus primeiros anos no Kremlin.

Continua após a publicidade

“Após 20 anos de poder sem limites, cercado de aduladores, o que é inevitável em nosso regime relativamente autoritário, certamente ele mudou, e não no bom sentido”, completa.

No início, o primeiro-ministro Putin se mostrava relativamente tolerante e disposto a manter boas relações com os ocidentais. Porém, já apresentava uma imagem severa e iniciava a segunda guerra da Chechênia, o que permitiu sua reeleição como presidente na primeira década do século com 53% dos votos.

Graças à abundância de petróleo e gás, sua primeira década no poder foi marcada pela recuperação do nível de vida dos russos e do Estado, enfraquecido após a queda da URSS, bem como dos meios de comunicação controlados por ambiciosos oligarcas.

“O Putin de hoje não é o de 1999-2000: de liberal, ele passou a conservador”, afirma o cientista político Konstantin Kalachev. O analista acredita que a mudança “foi desencadeada por sua decepção com os ocidentais”.

Continua após a publicidade

Reacionário

Em 2004, aconteceu um ponto de inflexão, com a “Revolução Laranja”, que levou à presidência da Ucrânia um político pró-Ocidente. O Kremlin considerou o episódio uma interferência ocidental em seu quintal.

Depois, as crises não deram trégua: guerra na Geórgia, em 2008; intervenção ocidental na Líbia, em 2011; apoio ao regime de Bashar Assad, na Síria, desde 2011; e a crise ucraniana, em 2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia depois do início de um conflito entre as força de Kiev e os separatistas pró-Moscou.

A anexação da península ucraniana da Crimeia, em especial, provocou a pior crise diplomática entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria.

“O conflito com o Ocidente transformou Putin em reacionário”, acredita Bovt, da rádio Business FM.

Continua após a publicidade

Na política interna, o reacionarismo foi traduzido pela defesa de valores conservadores pregados pela Igreja Ortodoxa, em oposição à “decadência ocidental”. Houve retrocesso permanente das liberdades públicas em nome da ordem e da estabilidade na Rússia.

Fidel no topo

Em Havana com Mikhail Gorbachev, o dirigente soviético que ele acusou de destruir o socialismo (Abril, 1989)
Em Havana, o então presidente russo Mikhail Gorbachev se reúne com Fidel Castro – 04/1989 (Gary Hershorn/Reuters)

No poder há 20 anos na Rússia, Vladimir Putin ainda está longe dos marcos de longevidade política estabelecidos por Fidel Castro, Kim Il-sung e Teodoro Obiang Nguema.

Entre os dirigentes que governaram por mais tempo, o recorde é do falecido líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, que assumiu o poder em 1959 e permaneceu no cargo até ceder a presidência ao irmão, Raúl, 49 anos depois.

Continua após a publicidade

Em diversos cargos, o nacionalista chinês Chiang Kai-shek dirigiu, por 47 anos, China e depois Taiwan, onde se refugiou em 1949. Atrás dele, está o fundador e dirigente norte-coreano Kim Il-sung, avô do atual líder Kim Jong-un, com 46 anos no poder.

Muamar Khadafi governou a Líbia por quase 42 anos, até ser assassinado em outubro de 2011 durante uma onda de protestos que resultaram em conflito armado. Também na África, Omar Bongo Ondimba, que chegou à liderança do Gabão em 1967, faleceu após ter estado mais de 41 anos no poder.

Na Europa, o líder albanês Enver Hodja, falecido em 1985, dirigiu seu país por quatro décadas.

(Com AFP)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.