Protestos na França já causaram prejuízo de mais de US$ 1 bilhão
Análise de associação empresarial levou em conta mais de 200 lojas saqueadas e 300 agências bancárias e pequenos comércios destruídos
Com os protestos e greves contra a reforma previdenciária na França finalmente cessando, as empresas do país agora lutam com as consequências da última semana de tumultos desencadeados pela morte de um adolescente por um policial na última terça-feira, 27. Segundo a associação empresarial francesa MEDEF, a onda de protestos já causou um prejuízo de US$ 1,1 bilhão após os manifestantes saquearem 200 lojas e destruírem 300 agências bancárias e pequenas lojas de esquina.
O adolescente de 17 anos Nahel Merzouk foi morto com um tiro à queima-roupa durante uma blitz de trânsito na cidade de Nanterre. Em reação à morte do jovem, diversos manifestantes foram às ruas da França para expressar fúria e indignação sobre como as comunidades marginalizadas do país são policiadas, além de levantarem a bandeira de que questões raciais foram um fator na morte de Nahel.
O presidente francês, Emmanuel Macron, comentou nesta terça-feira, 4, durante uma reunião com prefeitos de 241 municípios atingidos pelas manifestações, que o “pico” de violência dos protestos já passou, mas afirmou ainda estar “cauteloso”. O canal de televisão francês BFMTV informou que o governo está considerando maneiras de ajudar as empresas mais afetadas pelos distúrbios, citando o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, como um dos responsáveis por este apoio.
Atualmente o ministro analisa o cancelamento ou adiamento de contribuições e impostos para a previdência social. De acordo com ele, as empresas terão 30 dias para fazer uma reivindicação de seguro. Antes, o prazo máximo para fazer o pedido era de até cinco dias.
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Ao todo, estas reivindicações vão custar cerca de 1 bilhão de euros em danos estimados, disse a agência de classificação de crédito DBRS Morningstar, que sugeriu que muitas empresas não serão totalmente compensadas por suas perdas.
“Acreditamos que o total de perdas seguradas para o setor de seguros francês deve permanecer bem abaixo da marca de € 1 bilhão”, evidenciou a DBRS Morningstar nesta terça-feira. De acordo com a agência, o governo francês é parcialmente responsável por algumas das perdas.
Segundo a agência, “é improvável que as perdas por interrupção de negócios resultantes de vandalismo, saques e possíveis toques de recolher sejam cobertas pelo Estado francês”.
Agora, as empresas francesas se preparam para mais prejuízos no setor do turismo que pode ter uma queda depois de diversos visitantes evitarem viajar à França, tomada por imagens de violência e caos. Desde o início de julho, os turistas já cancelaram 20-25% das viagens planejadas para Paris, observou o presidente da MEDEF, Geoffroy Roux de Bezieux, em entrevista à emissora France Inter.