Protestos contra o governo do Peru se espalham e já deixam 48 mortos
Manifestações seguem desde dezembro, quando ex-presidente Pedro Castillo foi deposto e preso
Protestos contra o governo da presidente Dina Boluarte se espalharam ainda mais pelo sul do Peru nesta quarta-feira, 11, com novos confrontos relatados na cidade de Cusco. As manifestações, que já deixaram 48 mortos, ocorrem desde dezembro, quando o ex-presidente Pedro Castillo foi deposto e preso preventivamente depois de tentar fechar o Congresso para impedir um processo de impeachment.
Até o momento, autoridades em Cusco afirmaram que 37 civis e seis policiais ficaram feridos depois que manifestantes tentaram tomar o aeroporto da cidade, onde o movimento de turistas é sempre intenso por conta da proximidade com Machu Picchu.
A onda de protestos e bloqueios de estradas contra Baluarte em apoio ao presidente deposto já tomou conta de 41 províncias, principalmente no sul do Peru. A agitação tem origem nas áreas rurais e negligenciadas do país que ainda são leais a Castillo, o primeiro presidente do país a ter origem humilde. Grande parte desses manifestantes quer eleições imediatas, renúncia de Boluarte, libertação de Castillo e justiça para os civis mortos.
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Os protestos mais violentos ocorreram na segunda-feira, 9, quando 17 pessoas foram mortas em confrontos com a polícia na cidade de Juliaca. Em seguida, os manifestantes atacaram e queimaram um policial até a morte.
Já na terça-feira, 10, o governo do Peru anunciou um toque de recolher na cidade de Puno, que duraria por três dias, das 20h às 4h. No mesmo dia, um inquérito contra a atual presidente e membros de seu gabinete foi aberto. O processo foi feito a pedido da Procuradoria Nacional, que solicitou informações à Presidência do Conselho dos Ministros e aos ministérios da Defesa e do Interior.
“Dina me matou a bala”, dizia um pedaço de papel preso ao caixão de Eberth Mamani Arqui, um dos mortos pelo confronto policial de segunda-feira. A cidade de Juliaca foi ocupada por diversos manifestantes que marcharam ao lado dos caixões das vítimas.
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“Esta democracia não é mais uma democracia”, gritavam os familiares das vítimas que ao passarem por uma delegacia de polícia berravam: “Assasinos!”.
Em resposta a onda de protestos violentos, a delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos iniciou uma visita ao Peru para verificar as manifestações e as forças políciais.
Boluarte era companheira de chapa do presidente deposto antes de assumir a presidência. De acordo com ela, o plano atual é adiantar as eleições para presidente e congresso para 2024, originalmente marcadas para 2026. Ela também expressou apoio a investigações judiciais sobre se as forças de segurança passaram dos limites. No entanto, nenhuma das medidas conseguiram conter a onda de protestos, que após uma breve pausa por conta dos feriados de Natal e Ano Novo, recomeçaram com total força nas áreas mais pobres do país.