Primeiro-ministro da Itália ameaça renunciar
Giuseppe Conte faz ultimato como meio de parar a briga constante entre os partidos de direita que estão na base de seu governo
O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, ameaçou renunciar nesta segunda-feira, 3, se os dois partidos populistas de direita da coalizão que sustenta seu governo não assumirem suas responsabilidades e acabarem com as constantes disputas entre si. Caso contrário, advertiu o acadêmico, a Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas devem buscar a convocação de novas eleições.
Sem contar com base política própria, Conte convocou a imprensa para fazer o extraordinário ultimato depois de meses de discussões dentro de sua coalizão de populistas de direita e legisladores anti-establishment.
“Não estou aqui apenas para sair à deriva”, disse Conte, em sua residência oficial. “Se eles não assumirem claramente suas responsabilidades… então, eu me demitirei.”
A Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas têm brigado por tudo – desde grandes projetos de infraestrutura e imigração até o significado histórico dos feriados nacionais ou quem foi o culpado pelo acidente de um navio cruzeiro em Veneza no último fim de semana.
A disputa na Itália se intensificou desde as eleições parlamentares europeias, no final de maio. Liga conquistou 34% dos votos, aumentando as especulações de que seu líder, o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, poderia abandonar seus parceiros de coalizão.
Salvini foi ao Twitter ainda enquanto Conte estava falando à imprensa para dizer que queria continuar no governo. “Estamos prontos, queremos avançar e não temos tempo a perder. A Liga está dentro”, escreveu.
Não houve resposta imediata do líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, outro vice-primeiro-ministro do governo de Conte. Sua posição foi enfraquecida pela derrota eleitoral na União Europeia, que viu o 5 Estrelas perder metade de seu apoio em pouco mais de 12 meses.
Conte disse que subestimou o impacto da campanha eleitoral deste ano, antes da votação para o Parlamento europeu. Uma semana depois da votação, o ambiente permanecia ruim na Itália.