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Presidente português vira alvo da direita após apoiar reparação ao Brasil

Parlamento rejeitou proposta para acusar Marcelo Rebelo de 'traição', após assumir responsabilidade de Portugal pelos crimes da era colonial

Por Da Redação
15 Maio 2024, 13h20

O Parlamento de Portugal rejeitou nesta quarta-feira, 15, uma proposta da extrema direita que buscava acusar o presidente Marcelo Rebelo de Sousa de “traição” por ter assumido responsabilidade pelos crimes cometidos pelo país no passado, incluindo a escravidão transatlântica, e apoiar o pagamento de reparações a ex-colônias, incluindo o Brasil. Todos os partidos, incluindo o Partido Social Democrata (PSD), que atualmente ocupa o governo, recusaram a medida encabeçada pelo ultradireitista Chega.

A votação ocorreu menos de um mês após Souza afirmar que Portugal “assume total responsabilidade” pelos crimes do passado e que deve “pagar os custos”.

“Há ações que não foram punidas e os responsáveis ​​não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, disse ele a jornalistas estrangeiros, continuando: “Pedir desculpas é a parte fácil.”

Rebelo também ponderou que o país poderia cancelar dívidas das ex-colônias e conceder financiamento como parte das medidas reparatórias. Dias mais tarde, no entanto, o governo de Portugal — comandado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, do PSD, nomeado em março deste ano — negou que tenha dado início à qualquer forma de indenização.

+ Portugal reconhece culpa por escravidão no Brasil e fala em reparação

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Críticas do Chega

Segundo o presidente do Chega, André Ventura, “as declarações do presidente representam uma profunda traição à nossa história”. Em sessão no Parlamento convocada para tratar da proposta, ele afirmou que Portugal “nunca deu nada” aos portugueses que ficaram sem posses após a independência das colônias e criticou Rebelo por agora querer “indenizar outros”.

Embora o PSD tenha conseguido formar governo após receber a maioria (ainda que não absoluta) dos votos nas eleições de março, o Chega foi considerado o grande vencedor do pleito deste ano. Considerada por opositores como racista e xenofóbica, a sigla quase quadruplicou o número de representantes no Parlamento, para 48, confirmando o giro à direita previsto por pesquisas de opinião.

O partido surgiu em 2019, se alimentando de críticas à crescente presença de imigrantes e o aumento da criminalidade na nação europeia, questões resumidas no slogan “Portugal precisa de uma limpeza”.

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