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Presidente do México confirma que não participará da Cúpula das Américas

Decisão de López Obrador se dá devido à decisão dos Estados Unidos em excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua do evento, que começa nesta semana

Por Da Redação
6 jun 2022, 15h35

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse nesta segunda-feira, 6, que não irá comparecer à reunião da Cúpula das Américas, que será realizada em Los Angeles nesta semana. Segundo o governo mexicano, a ausência é uma resposta ao boicote a Venezuela, Cuba e Nicarágua. 

A cúpula tem como objetivo recuperar a liderança dos Estados Unidos no continente americano, abalada pelas ações do ex-presidente Donald Trump, e deve incluir esforços para impulsionar a influência do país por meio da cooperação econômica, combate a crises de saúde pública e às mudanças climáticas, além da contenção à imigração. 

+ EUA têm trabalho para convencer vizinhos a não esnobar Cúpula das Américas

O evento, no entanto, foi ofuscado nas últimas semanas devido a rumores de que a Casa Branca planeja excluir os três países, citando preocupações com direitos humanos e falta de regime democrático. 

Nesta segunda-feira, a agência de notícias Reuters informou que a lista final de convidados dos Estados Unidos não inclui Cuba, Venezuela e Nicarágua, levando o líder mexicano a confirmar sua ausência. Porém, horas antes da chegada das delegações, o governo americano ainda não havia confirmado a suposta lista final. 

As reuniões voltadas para os líderes nacionais estão programadas para ter início na próxima quarta-feira, 8, enquanto as de nível inferior começam já na próxima terça. 

O alto funcionário da Casa Branca para a América Latina, Juan Gonzalez, disse na semana passada que o governo está “realmente confiante de que a cúpula será bem frequentada e que o relacionamento com o México continuará sendo positivo”.

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“Nós queremos muito o presidente López Obrador lá. O presidente dos Estados Unidos quer pessoalmente o presidente do México lá”, disse.

O governo de Joe Biden quer reavivar a relevância da cúpula, negligenciada por Donald Trump em 2018, quando foi realizada no Peru. Como consequência, apenas 17 dos 35 países do continente enviaram suas delegações. A última vez que os Estados Unidos sediaram o evento foi em Miami em 1994, seu ano inaugural.

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Especialistas apontam que a escolha de dividir os países por questões ideológicas tornará mais difícil abordar temas relevantes de ampla repercussão regional como o combate à insegurança alimentar e à inflação, além dos esforços para convencer os países a aumentar sua produção de petróleo e gás em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Uma cúpula com falta de parceiros críticos seria um grande golpe nas tentativas de Biden de encontrar soluções para os problemas domésticos dos Estados Unidos que vão desde a segurança das fronteiras até os fluxos de imigração e o aumento dos preços do petróleo e do gás”, disse Aileen Teague, pesquisadora do instituto Quincy Institute, que defende uma “política externa menos militarizada e mais cooperativa”.

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Teague completou ainda dizendo que o governo americano poderá perder capital político se optar por seguir com a tendência de dividir o mundo em “amigos democráticos” e países “autoritários”.

Enquanto se mantém alinhado a esse pensamento, especialistas afirmam que a ameaça de boicote de alguns países evidencia a falta de influência americana na região, que tem se voltado cada vez mais para a China, segundo maior parceiro comercial da América Latina. 

Além disso, a ausência do presidente mexicano na cúpula impede a resolução de um dos maiores problemas enfrentados pela gestão de Biden, que é a imigração ilegal. Em 2021, cerca de 1,6 milhões de pessoas tentaram atravessar a fronteira sem nenhuma documentação.

O tema, que foi tratado como prioridade máxima durante a campanha presidencial, segue estacionado no Congresso enquanto o número de imigrantes continua a subir. Nesta segunda, uma caravana de cerca de 11.000 começou a atravessar a fronteira da Guatemala com o México em direção aos Estados Unidos. 

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Para atrair o maior número de líderes, tanto Biden quanto sua vice, Kamala Harris, entraram em contato pessoalmente com os governos latinos, principalmente com os de Argentina e Honduras, que expressaram apoio ao boicote. 

A tentativa surtiu efeito. Na semana passada, o presidente argentino Alberto Fernández confirmou que irá participar da cúpula ao mesmo tempo que o governo hondurenho disse que enviaria seu ministro das Relações Exteriores no lugar de seu chefe de Estado. 

+ Biden pede proibição de armas de assalto e fim de ‘impasses ideológicos

Segundo a Reuters, autoridades americanas cogitaram oferecer algum tipo de convite limitado ao governo de Cuba, que participou das duas últimas cúpulas, mas depois desistiram. Ao invés disso, foram convidados ativistas da sociedade civil. 

Já na Venezuela, há a possibilidade do líder da oposição, Juan Guaidó, ser convidado para um evento paralelo de maneira virtual, uma vez que foi descartada a participação de Nicolás Maduro, atual presidente do país. 

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