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Presidente da Bolívia acusa Evo Morales de tentar golpe para bloquear ‘governo popular’

Luis Arce afirmou que país 'precisa de uma nova liderança' e que ambos deveriam 'garantir a continuidade de um projeto político que é do povo'

Por Da Redação
16 set 2024, 15h03

O presidente da Bolívia, Luis Arce, acusou no domingo, 15, o ex-presidente Evo Morales de tentar um “golpe de Estado” para reduzir o mandato de “um governo popular”. Em comunicado televisionado, Arce fez referência a uma marcha convocada por Morales, que partirá da pequena cidade de Caracollo até a capital, La Paz, marcada para esta terça-feira, 17.

Segundo o líder boliviano, a passeata não terá como objetivo a defesa do partido Movimento ao Socialismo (MAS), como alegado por Morales, mas o fortalecimento da candidatura do ex-presidente para as eleições de 2025. Ao mesmo tempo, 10 mil agricultores bloquearam trechos de rodovias com finalidade de aumentar a pressão para que Arce seja retirado do poder em razão da crise econômica que assola a Bolívia. Espera-se que nove pontos de acesso sejam obstruídos até o final desta segunda-feira.

“Tenho a responsabilidade histórica de denunciar ao país e ao mundo o que pode acontecer nos próximos dias na Bolívia, por sua responsabilidade”, disse Arce sobre Evo Morales. “Começa nos próximos dias uma marcha para depois passar a um bloqueio nacional de estradas, que terminará em uma tentativa de golpe de Estado contra um governo popular. É algo pelo qual você (Morales) terá que prestar contas ao nosso povo, mais cedo ou mais tarde”.

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Arce x Morales

Além disso, o presidente provocou o antigo aliado, advertindo: “Evo, você já errou uma vez quando quis impor sua candidatura e essa decisão teve um custo alto para o povo, não se engane novamente”. Ele também afirmou que a “Bolívia precisa de uma nova liderança” e que ambos deveriam “promover essas lideranças para garantir a continuidade de um projeto político que é do povo”.

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Ao longo de 14 minutos, Arce também alegou que Morales tentou agir para prejudicá-lo para que despontasse como o “salvador” da Bolívia para “permanecer no poder por mais 14 anos ou mais”. O ex-presidente permaneceu no comando por três mandatos consecutivos, entre 2006 e 2019. O embate entre a dupla tem como cenário a disputa no Movimento ao Socialismo, partido dos dois, para o próximo pleito.

Um dia após a declaração, Morales escreveu no X, antigo Twitter, que “Luis Arce não está apenas desesperado, mas também confuso”. O ex-presidente argumenta, ainda, que a marcha não procura favorecê-lo e que é apenas o reflexo de um “povo cansado de um governo inconsciente, que manteve silêncio absoluto diante da crise, da corrupção e da destruição da estabilidade”.

Tentativa recente de golpe

Em junho, a Bolívia foi alvo de uma tentativa de golpe liderada pelo ex-comandante do Exército Juan José Zúñiga. Membros das Forças Armadas tomaram a praça e um veículo blindado avançou pela entrada do Palácio Presidencial, seguido por soldados comandados por Zúñiga, destituído do cargo de chefe do Exército um dia antes por insubordinação, após afirmar em rede nacional que não permitiria uma possível nova candidatura em 2025 do ex-presidente Evo Morales. 

Zúñiga foi preso poucas horas depois do início do motim. A jornalistas, o ex-comandante do Exército acusou, sem fornecer provas, o presidente Luis Arce de ter orquestrado um autogolpe. Durante julgamento, ele disse se tratar de um “levante armado que não se concretizou devido ao atraso e à falta de coordenação das diferentes unidades militares”. 

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