Premiê Modi promete transformar Índia em país desenvolvido em 25 anos
Em celebração de 75 anos de independência, primeiro-ministro citou plano para encerrar 'ciclo vicioso da pobreza' da quinta maior economia do mundo
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, prometeu na segunda-feira, 15, acelerar o desenvolvimento do país nos próximos 25 anos, em um discurso a milhões de pessoas durante evento para marcar os 75 anos de independência da nação do domínio colonial britânico.
“A forma como o mundo vê a Índia está mudando. Há esperança na Índia e a razão é a habilidade de 1,3 bilhão de indianos”, disse Modi, salientando a enorme população do país, que em breve ultrapassará a da China como a maior do mundo, de acordo com as Nações Unidas.
Ao mesmo tempo em que enfatizou as mudanças que lançaram a nação ao patamar de quinta maior economia do mundo com US$ 3 trilhões (R$ 15,2 trilhões) de produto interno bruto (PIB), o premiê reconheceu que os desafios permanecem, e que irá buscar “quebrar o círculo vicioso da pobreza”.
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Recentemente, a índia foi promovida do status de nação de baixa renda para o de renda média – uma faixa que denota uma renda nacional bruta per capita entre US$ 1.036 (R$ 5258) e US$ 12.535 (R$ 63630) pelo Banco Mundial. Apesar disso, e do crescimento em seu PIB, o país continua sendo avaliado por especialistas como “profundamente pobre” em algumas medidas.
Em 2017, cerca de 60% dos quase 1,3 bilhão de indianos viviam com menos de US$ 3,10 (R$ 15,74) por dia, segundo o Banco Mundial, e a violência contra mulheres é ainda um problema sem solução devido à subnotificação de casos de estupro e ao sistema legal notoriamente lento do país.
Contudo, desde que se livrou do domínio de mais de 200 anos do Reino Unido, a nação asiática tem feito avanços notáveis em várias frentes.
No momento em que os britânicos desocuparam o território, a expectativa média de vida dos indianos era de apenas 37 anos para homens e 36 para mulheres, e apenas 12% da população era alfabetizada. Em 75 anos, as taxas de alfabetização aumentaram para 74% para homens e 65% para mulheres e a expectativa média de vida é agora de 70 anos.
As “reformas pioneiras” da década de 1990, que ocorreram durante o governo do primeiro-ministro Narasimha Rao e seu ministro das Finanças, Manmohan Singh, abriram o país ao investimento estrangeiro após uma aguda crise da dívida externa.
A partir deste momento, empresas americanas, japonesas e do sudeste asiático injetaram capital nas principais cidades da Índia, incluindo Mumbai, a capital financeira, Chennai e Hyderabad.
O resultado é que hoje, a cidade de Bangalore (apelidada de “Vale do Silício da Índia”), por exemplo, é um dos maiores centros de tecnologia da região.
Essa abertura também permitiu que o aumento da presença de indianos nas universidades internacionais e em altos cargos das maiores empresas de tecnologia do mundo, incluindo o presidente-executivo do Google, Sundar Pichai, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, e o chefe do Twitter, Parag Agrawal.
Além do movimento da “diáspora indiana”, o país viu crescer o fluxo inverso, se tornando o lar de mais de 100 bilionários. Na virada do milênio, a Índia abrigava apelas nove das pessoas mais ricas do mundo. Contudo, algum críticos dizem que a proliferação dos bilionários pode reforçar a desigualdade do país.
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Fora da economia, a crescente riqueza da Índia está alimentando suas ambições em campos tão diversos como esporte, onde crescem os medalhistas olímpicos do país, e cultura, simbolizada por Bollywood, sua multibilionária indústria cinematográfica.
O programa espacial também tem sido alvo de grande investimento do governo indiano. No ano passado, o país gastou quase US$ 2 bilhões no programa, ficando atrás apenas dos EUA e China neste tipo de investimento, de acordo com a McKinsey, empresa de consultoria empresarial americana.
Em 2017, o país quebrou um recorde mundial ao lançar 104 satélites em uma missão. Em 2023, espera-se que a Índia lance sua primeira missão espacial tripulada.
Apesar dos progressos, a Índia enfrenta um aumento da pressão política, com alguns opositores acusando o primeiro-ministro de atuar contra a democracia. Críticos do governo de Narendra Modi alegam que o premiê apoia grupos extremistas hindus, incluindo alguns que pediram abertamente o genocídio contra os 200 milhões de muçulmanos do país.
Paralelamente, a repressão à imprensa tem elevado o número de prisões de jornalistas nos últimos anos e levantado rumores de que o partido governista Bharatiya Janata esteja usando as leis da era colonial para reprimir as críticas.
Em 2022, a Índia caiu para o número 150 no Índice de Liberdade de Imprensa publicado pela Repórteres Sem Fronteiras – sua posição mais baixa de todos os tempos.