Posição da Nicarágua sobre caso de brasileira é insuficiente, diz ministro
Brasil considera "inaceitável" morte de estudante de medicina e cobra informações detalhadas sobre circunstâncias do assassinato
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse nesta sexta-feira 27 que as primeiras informações recebidas da Nicarágua sobre o assassinato da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima não foram suficientes para esclarecer o fato.
Segundo o chanceler, o Brasil vai insistir para receber respostas detalhadas sobre a morte da estudante de medicina. Ele informou que o governo brasileiro fez um apelo à Organização dos Estados Americanos (OEA) para intervir na situação de violência da Nicarágua.
“As informações que foram prestadas até agora são extremamente insuficientes. A notícia que dá o governo da Nicarágua é que foi um guarda de uma segurança particular. Quem foi? Qual é o calibre da arma? Em que circunstâncias isso ocorreu? Não houve até agora um esclarecimento desse episódio, e nós vamos insistir porque nos parece uma coisa absolutamente inaceitável”, disse o ministro.
“Fizemos um apelo na Organização dos Estados Americanos para que houvesse um diálogo, uma posição que pusesse fim à violência, não só a violência das forças policiais, mas também a violência mais ultrajante que é a violência das forças paramilitares contra movimentos que buscam a reforma política desse pais.”
Em entrevista em Johanesburgo, na África do Sul, onde participa da 10ª Cúpula do Brics, Aloysio Nunes disse ainda que a convocação para Brasília do embaixador do Brasil na Nicarágua e o chamado à embaixadora da Nicarágua no Brasil para dar explicações são “gestos diplomáticos, que marcam o profundo inconformismo do Brasil com a violência na Nicarágua, que acabou por vitimar uma brasileira”.
A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta na última segunda-feira 23 com um tiro no peito, em Manágua, capital da Nicarágua. O assassinato foi informado pelo reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, e, segundo ele, teria sido cometido por um integrante de grupo paramilitar. Os paramilitares formam, na Nicarágua, uma tropa repressiva sob o comando do presidente do país, Daniel Ortega.
A polícia da Nicarágua negou a informação dada pelo reitor e afirmou que “um vigilante de segurança privada, em circunstâncias ainda não determinadas, realizou os disparos com arma de fogo”.
Diploma
A Universidade Americana de Manágua concedeu nesta sexta-feira, em uma cerimônia organizada pela reitoria e por estudantes da instituição, o diploma de Medicina para Raynéia. A estudante cursava o 6º ano e fazia residência no Hospital Carlos Roberto Huembes, da polícia nicaraguense.
Segundo a embaixada brasileira em Manágua, ela havia saído do hospital quando foi vítima dos disparos. Raynéia ingressou ainda com vida no Hospital Militar Escuela Doctor Alejandro Dávila Bolaños, às 23h30 de segunda-feira. O disparo tinha comprometido o fígado, o pulmão direito e o coração, segundo o governo.
(Com Agência Brasil, EFE e Estadão Conteúdo)