Por que Macron e Putin estavam tão distantes durante reunião sobre Ucrânia
Durante todo o encontro, cada líder sentou em uma extremidade de uma imponente mesa branca com de cerca de seis metros, gerando especulações e memes
O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, na última segunda-feira (7) para discutir sobre a crise envolvendo a Ucrânia e o distanciamento entre ambos chamou a atenção. Durante toda a reunião, cada um sentou em uma extremidade de uma imponente mesa branca com de cerca de seis metros.
A ideia, no entanto, tem um motivo. De acordo com o Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês, o Kremlin pediu para que Macron realizasse um teste de Covid-19, pedido que foi negado por ele. Segundo a mídia francesa, o chefe de Estado não queria que os russos tivessem acesso ao seu DNA.
Durante o encontro, que durou mais de cinco horas, Macron tentou argumentar contra o aumento de tropas russas na fronteira com a Ucrânia e buscou aplacar as queixas de segurança da Rússia, que exige que os ucranianos jamais façam parte da Otan, principal aliança militar ocidental. Além disso, a organização deveria diminuir o número de militares no leste europeu.
No entanto, para além do conteúdo da reunião, o tamanho da mesa e a distância entre ambos foi um dos pontos mais falados, rendendo uma onda de comentários e memes na internet.
“O lado francês julgou que as condições que permitiam uma menor distância entre os presidentes não eram aceitáveis e por isso escolheu outra alternativa proposta pelo protocolo russo”, disse o porta-voz do governo francês.
Sobre os rumores de que Macron não queria que o Kremlin tivesse acesso ao DNA, o funcionário do Palácio se limitou a dizer que “não iria alimentar fantasias particulares”. Ele completou, no entanto, que havia preocupações sobre quem faria os testes, como seriam feitos e em que horários.
“O nosso presidente tem médicos que definem as regras do que é ou não aceitável em termos de protocolos de saúde relacionados a ele”, acrescentou.
O governo russo confirmou que os franceses não estavam dispostos a cumprir os protocolos de teste da Covid-19, que levaria a um ambiente mais íntimo.
“Em algumas situações, Putin se encontra com seus convidados sentados muito próximos uns dos outros e até apertam as mãos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que confirmou ainda que Macron se recusou a realizar o teste.
“Isso se deve ao fato de alguns líderes seguirem suas próprias regras e não interagirem com o lado anfitrião no compartilhamento de testes. Tratamos isso com compreensão, esta é uma prática global normal, mas, neste caso, há um protocolo de medidas adicionais para proteger a saúde de nosso presidente e também de nossos convidados, aplicando-se uma distância maior”, completou.
Enquanto tenta reeleição na França, Macron tenta assumir o papel da ex-chanceler alemã Angela Merkel como principal mediador da Europa.
Atualmente ocupando a posição de presidente rotativo da União Europeia, o líder francês também se reuniu nesta semana com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky e conversou por telefone com o presidente americano, Joe Biden. Além disso, ele viajou até Berlim para se reunir com os líderes Andrzej Duda, da Polônia, e Olaf Scholz, da Alemanha.
O governo russo é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma adesão terá consequências graves. A Aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados da Otan e pela Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira com a Ucrânia para preparar um ataque.
Putin afirmou ainda que uma eventual adesão do país vizinho à Aliança é uma ameaça não apenas à Rússia, mas também a todos os países do mundo. Segundo ele, uma Ucrânia fortalecida pela aliança com o ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado entre a Rússia e a Otan.
Na última segunda, o presidente russo que “não haverá vencedores” no caso de uma guerra do país com a Aliança. De sua parte, o mandatário afirmou que “faremos tudo para encontrar compromissos que satisfaçam todos”.
“Se uma guerra eclodir, não haverá vencedores. Eles nem terão tempo para piscar os olhos”, declarou Putin durante uma entrevista coletiva no Kremlin, citando arsenal nuclear.