Por que Greta Thunberg está protestando contra energia eólica?
Na Noruega, a ativista climática mirim afirmou que proteção do meio ambiente deve andar de mãos dadas com os direitos indígenas
A ativista climática sueca Greta Thunberg se juntou, nesta quarta-feira, 1, a um grupo indígena em um protesto contra turbinas eólicas na Noruega. Embora seja estranho ver Greta em oposição a formas de energia limpa, ela pediu pela demolição dos parques eólicos em prol da preservação do povo Sámi, uma das maiores populações indígenas da Europa.
Manifestantes bloquearam o acesso aos prédios do governo norueguês, em Oslo, para protestar contra dois parques eólicos construídos em pastagens de renas do povo Sámi. Greta e outras nove pessoas chegaram a ser removidas pela polícia da entrada do Ministério das Finanças, de acordo com um porta-voz do distrito policial de Oslo.
“Os direitos indígenas e os direitos humanos devem andar de mãos dadas com a proteção climática e a ação climática. Isso não pode acontecer às custas de algumas pessoas”, disse Greta à agência de notícias Reuters na última segunda-feira 27.
Os Sámi são o único grupo indígena reconhecido na União Europeia, e ocupam uma área que abrange o norte da Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia. Eles acusam dois parques de energia eólica na região de Fonsen, no centro da Noruega, de ocuparem suas terras. Onde ficavam as pastagens, foram construídas 151 turbinas eólicas com mais de 86 metros de altura.
Segundo os indígenas, a infraestrutura construída ao redor das usinas, como estradas, também afeta as renas.
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Essa luta já é de longa data. Em 2021, a Suprema Corte norueguesa chegou a conceder uma vitória ao povo Sámi, declarando que as licenças dos parques eólicos eram inválidas, já que violavam os direitos culturais do povo indígena, protegidos pelas leis do país. Porém, as turbinas continuam funcionando.
“Até agora, o governo nem mesmo reconheceu a decisão da Suprema Corte sobre a violação dos direitos humanos ou ofereceu um pedido de desculpas às renas Sámi”, disse Eirik Larsen, conselheiro político do Parlamento Sámi na Noruega.
O governo norueguês afirmou que ainda está avaliando como agir na situação, fazendo consultas com pastores de rena para descobrir como conciliar as turbinas com a atividade tradicional.
“A Suprema Corte considerou que as licenças concedidas são inválidas, mas não decorre da sentença que as turbinas eólicas devam ser retiradas”, disse Elisabeth Sæther, secretária de Estado do Ministério do Petróleo da Noruega.
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Manifestantes chamam as atitudes do governo de “colonialismo verde” – ações que, embora sustentáveis, desconsideram as minorias –, o que as autoridades negam.
A energia eólica é uma plataforma importante na transição verde da Noruega, país cuja matriz já é quase totalmente renovável. Em 2020, mais de 90% de sua eletricidade foi gerada por meio de hidrelétricas. Usinas eólicas, que tiveram aumento de 10 vezes na última década, foram responsáveis por 6,5%.
O protesto em Oslo não foi a primeira vez que a ativista Greta foi detida. A jovem de 20 anos foi presa na Alemanha durante uma manifestação em uma mina de carvão, em um ato em oposição à demolição dos prédios abandonados que foram adquiridos por uma empresa de energia.