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Polônia pede armas nucleares dos EUA para se defender da Rússia

Pedido foi visto como ação simbólica, uma vez que tem pouco sentido estratégico; Casa Branca nega ter recebido qualquer solicitação

Por Matheus Deccache 5 out 2022, 18h47

O governo da Polônia disse nesta quarta-feira, 5, que pediu para ter armas nucleares dos Estados Unidos em seu território em meio a temores crescentes de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, possa fazer uso de armamento nuclear na Ucrânia para evitar uma derrota. 

O pedido feito pelo presidente Andrzej Duda é visto como totalmente simbólico, uma vez que aproximar ogivas nucleares do território russo as deixariam mais vulneráveis e menos úteis militarmente. Além disso, a Casa Branca disse não ter recebido nenhuma solicitação deste tipo.

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O anúncio do líder polonês, no entanto, é o exemplo mais recente da sinalização militar que voltou a rondar a comunidade internacional após Putin fazer uma ameaça velada durante discurso à nação no final de setembro. 

Segundo o governo americano, não há indicações concretas de que o Kremlin esteja planejando utilizar qualquer tipo de arma nuclear, mas alguns países ocidentais como a Ucrânia e a Alemanha demonstraram preocupação ao longo das últimas semanas. 

A fala de Duda acontece no mesmo momento em que Belarus fez mudanças em sua Constituição permitindo que a Rússia instale armamentos nucleares em seu território. Desse modo, o presidente polonês disse que havia uma “oportunidade potencial” para a Polônia participar do “compartilhamento nuclear”, programa em que os pilotos da nação anfitriã são treinados para voar em missões carregando bombas nucleares americanas armazenadas em seu país.

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“Conversamos com líderes americanos sobre essa possibilidade e a questão está aberta”, disse Duda ao jornal Gazeta Polska.

A ação, no entanto, pode representar uma violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, assinado pelos americanos, e da lei de fundação da Otan, na qual a aliança declarou não ter planos de implantar armas nucleares em territórios aliados. Além disso, especialistas acrescentam que faz pouco sentido estratégico realizar esse movimento.

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Todos os números relacionados a esse tipo de armamento são especulativos, mas de acordo com a Federação de Cientistas Americanos (FAS), cerca de 100 armas nucleares americanas ainda estão espalhadas pela Europa após o fim da Guerra Fria. Essas bombas eram até então tidas como obsoletas, mas um serviço de modernização pode torná-las ativas em pouco tempo. 

“A razão pela qual eles estão fazendo isso é para proteger essa força contra o que eles consideram a crescente ameaça dos mísseis convencionais da Rússia, então seria um desenvolvimento extraordinariamente estranho se a Otan decidisse mover armas nucleares para mais perto das fronteiras russas”, disse o diretor do projeto de informação nuclear da FAS, Hans Kristensen, ao jornal britânico The Guardian

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A Polônia levantou a questão em um momento de maior tensão sobre o uso de armamento nuclear desde o final da Guerra Fria. Após o discurso de Putin, os Estados Unidos disseram que haverão “consequências catastróficas” caso a ameaça se concretize, embora não tenha entrado em detalhes. Na última semana, o ministro das Relações Exteriores polonês, Zbigniew Rau, disse que a resposta deveria ser devastadora, mas não nuclear.

O cenário ainda é incerto. Especialistas apontam que a Rússia dificilmente irá realizar um ataque nuclear, principalmente pelo fato de que uma demonstração de poder causaria indignação na comunidade internacional e pouco mudaria o curso da guerra. Além disso, uma ofensiva que vise chocar a Ucrânia para forçá-la a se render seria um ato de transgressão muito superior a tudo que vem sendo feito. 

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Do lado ocidental, é improvável que haja uma resposta por parte da Otan, uma vez que qualquer movimentação dependeria da aprovação de seus trinta Estados-membros. Outra hipótese seria a de que os Estados Unidos pudessem intervir diretamente no confronto aliado a nações próximas como o Reino Unido, mas isso faria com que a guerra escalasse para um nível que vem sendo evitado há quase 80 anos. 

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