Policial troca de lugar com refém e vira herói do atentado na França
Arnaud Beltrame foi atingido pelo terrorista que conduziu ataque nesta sexta e está gravemente ferido
Um tenente-coronel da Gendarmaria Nacional, a polícia francesa, está sendo considerado o grande herói do atentado terrorista que matou três pessoas nesta sexta-feira no sul da França. Arnaud Beltrame se ofereceu para trocar de lugar com um refém e está gravemente ferido em um hospital.
“Ele salvou vidas e honrou o nosso país”, afirmou o presidente francês Emmanuel Macron, que acrescentou que o policial agora “luta por sua vida”.
Segundo o Ministério do Interior francês, Beltrame fazia parte da equipe tática que invadiu o supermercado na cidade de Trèbes durante o ataque realizado pelo homem identificado como Radouane Lakdim, um francês nascido no Marrocos de 25 anos.
Lakdim invadiu o estabelecimento, onde estavam cerca de 50 pessoas, e matou um funcionário e um cliente. No interior do supermercado fez uma mulher de refém, enquanto outros conseguiram fugir. Quando a equipe da Gendarmaria chegou, Beltrame, de 45 anos, se ofereceu como refém em troca da libertação da civil.
O tenente também deixou seu celular em uma ligação com policiais que estavam do lado de fora do supermercado, para que eles monitorassem a situação.
Segundo o ministro francês do Interior, Gérard Collomb, o tenente-coronel foi “gravemente ferido” por disparos do agressor algum tempo depois. Os tiros motivaram uma ação das forças de elite da polícia, que invadiram o supermercado e mataram Lakdim.
Collomb saudou o “heroísmo e a coragem” de Beltrame. O presidente da França, Emmanuel Macron, também citou o tenente-coronel e afirmou que ele “salvou vidas e honrou seus colegas e seu país”.
O ataque
Radouane Lakdim matou três pessoas e deixou outras 16 feridas em seu ataque, que foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI). O atentado foi cometido em várias etapas entre as cidades de Carcassonne e Trèbes.
O terrorista roubou primeiro um automóvel em Carcassonne, matando o passageiro e ferindo o motorista. Um pouco mais longe, disparou e feriu levemente um policial que voltava de uma corrida com outros agentes perto de um quartel. Alguns minutos mais tarde, entrou no supermercado, onde ficou entrincheirado durante várias horas.
Segundo testemunhas, ao entrar no estabelecimento Lakdim gritava “Allah Akbar” (“Alá é Grande”, em árabe) e indicou que era um soldado do Estado Islâmico disposto a morrer pela Síria.
O procurador de Paris, François Molins, anunciou que uma mulher próxima ao terrorista foi detida nesta sexta no fim da tarde.
Lakdim já era conhecido pelas autoridades como um pequeno criminoso, mas estava sob vigilância dos serviços de segurança em 2016 e 2017 por supostas conexões com o movimento salafista radical. “O monitoramento … não revelou nenhum sinal aparente que pudesse nos levar a prever que ele agiria”, declarou Molins.
Este atentado reivindicado pelo EI seria o primeiro importante desde a eleição de Macron, em maio de 2017. A onda de atentados extremistas no país deixou um total de 238 mortos e centenas de feridos em 2015 e 2016. Vários desses ataques, ou tentativas de ataques, tiveram como alvos militares e policiais.
As autoridades temem novos atentados apesar do aumento das medidas de segurança instauradas pelo governo, cujo sinal mais visível é a mobilização de 10.000 policiais e militares em ruas, estações e locais turísticos.
(Com AFP)