Polícia do Texas admite ter tomado ‘decisão errada’ em resposta a massacre
Segundo diretor do Departamento de Segurança, responsável pela operação acreditava que as crianças não estavam em perigo imediato
A polícia de Uvalde, no Texas, assumiu ter “tomado a decisão errada” ao esperar 78 minutos para entrar na sala de aula onde as 19 crianças e duas professoras morreram na última terça-feira, 24. A declaração foi dada após testemunhas afirmarem que os policiais demoraram muito para responder ao massacre.
Segundo as autoridades, pelo menos duas crianças de salas próximas a do tiroteio ligaram para a polícia no mínimo seis vezes pedindo por ajuda enquanto cerca de 20 policiais esperavam no corredor antes de entrar e matar o atirador.
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Salvador Ramos, de 18 anos, dirigiu até a Robb Elementary School e entrou no local às 11h28, quando começou a disparar contra as janelas. Às 12h03, uma criança sussurrou ao telefone que o atirador estava na sala 112, mais de 45 minutos antes de uma equipe tática finalmente invadir e encerrar o cerco.
De acordo com o diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas, Steven McCraw, o comandante local acreditava que Ramos havia feito uma barricada e que as crianças não corriam mais risco imediato, dando à polícia mais tempo para se preparar.
“Pela retrospectiva que faço agora, é claro, não foi a decisão certa”, disse McCraw.
O ataque no Texas é o tiroteio em escola mais mortal dos Estados Unidos desde que um atirador matou 26 pessoas, incluindo 20 crianças, em uma escola no Connecticut, em 2012. A comunidade de Uvalde, local do crime, tem cerca de 16.000 habitantes, com quase 80% deles sendo hispânicos ou latinos.
Membros do Partido Democrata em Washington renovaram os apelos por uma maior legislação a respeito do porte de armas no país. O senador Chris Murphy, de Connecticut, um dos principais defensores da ideia, disse “simplesmente não entender por que as pessoas pensam que somos impotentes”.
“As armas neste país circulam como água. E é por isso que temos tiroteios em massa um atrás do outro”, disse a repórteres.
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A incidência de novos ataques coloca de volta aos holofotes o debate sobre acesso a armas e segurança em escolas. De acordo com levantamento do jornal Education Week, foram 28 casos com ao menos uma pessoa morta ou ferida contra 10 em 2020, quando escolas estavam em sua maioria fechadas por causa da pandemia, e 24 em 2019 e 2018.
Só nos 25 primeiros dias do ano de 2022, 1.100 pessoas morreram vitimadas por armas de fogo, um recorde. A estatística inclui 22 policiais mortos em serviço.
A disparada nas mortes violentas acontece no momento em que os Estados Unidos registram recordes em vendas de armamentos.
Desde o início da pandemia, em 2020, os americanos compraram 41 milhões de armas. Trata-se de um salto de 64% na comparação com o período anterior à crise sanitária. Entre os que adquiriram armas no período recente, 3,2 milhões estavam adquirindo o item pela primeira vez.