Polícia do Irã diz que não usou força letal em protestos
Mesmo que haja relato de munição real contra manifestantes, autoridades falam em 'comedimento' na dispersão dos manifestantes
Após o Irã admitir que foi o responsável pela queda de um avião civil com 176 pessoas a bordo, milhares de manifestantes foram às ruas do país para protestar contra o governo. A polícia diz ter recebido ordens de não atirar contra os manifestantes, mas há relatos de que tiros foram disparados para dispersa-los.
Em vídeos publicados na internet, manifestantes pediam a renúncia do Líder Supremo, aiatolá Ali Khamenei, e o chamavam de mentiroso. Outros vídeos mostravam pessoas rasgando imagens do general Qasem Soleimani, morto após uma operação dos Estados Unidos que tinha o intuito de elimina-lo. Em uma universidade, os manifestantes se recusaram a pisar sobre a bandeira americana e a de Israel.
Em um comunicado, Hossein Rahimi, chefe de polícia de Teerã, disse que “nos protestos, a polícia não atirou de forma nenhuma, porque os policiais da capital foram ordenados a mostrar comedimento”. Além da capital, as cidades de Shiraz, Esfahan, Hamedan e Orumiyeh também tiveram manifestações.
Mas a revolta que se formou na opinião pública iraniana, poucos dias após do funeral de Soleimani ter atraído milhares de pessoas às ruas, veio após o governo negar, via porta-vozes e ministros, a culpa pela queda do avião que matou todos a bordo nos arredores de Teerã.
A admissão da culpa ocorreu somente três dias após o abate. Neste meio termo, somente os governos do Canadá e do Reino Unido (que possuíam nacionais dentro do voo) mudaram de opinião quanto ao motivo da queda. Já a Ucrânia foi o único país que esperou uma posição iraniana e tratando o assunto com precaução.
Enquanto as tensões entre estados Unidos e Irã estarem diminuindo após uma semana de iminência de guerra, Teerã enfrenta as tensões sociais se elevando dentro de seu território. Em menos de três meses, a população foi às ruas para protestar contra o governo.
Em novembro de 2019, as ruas foram tomadas em protesto contra um novo pacote econômico elaborado pelo governo que tinha o objetivo de contornar a crise gerada pelas sanções dos Estados Unidos principalmente no setor do petróleo. Na época, centenas foram mortos e outros milhares ficaram feridos.
(Com Reuters)