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Plano de Israel para Gaza é desastre prestes a acontecer, diz Macron

Presidente francês propôs coalizão internacional sob mandato das Nações Unidas para estabilização

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 ago 2025, 11h12

O presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou críticas nesta segunda-feira, 11, aos planos de Israel de intensificar sua operação militar em Gaza como um desastre prestes a acontecer, propondo uma coalizão internacional sob mandato das Nações Unidas para estabilização do enclave palestino.

“O anúncio do gabinete israelense de uma expansão de suas operações na Cidade de Gaza e nos campos de Mawasi e de uma reocupação anuncia um desastre de gravidade sem precedentes prestes a acontecer e um movimento em direção a uma guerra sem fim”, disse Macron, em nota enviada por seu gabinete à imprensa. “Os reféns israelenses e o povo de Gaza continuarão a ser as principais vítimas dessa estratégia”.

Para Macron, uma possibilidade é uma missão da ONU com objetivo de proteger a Faixa de Gaza, os civis e trabalhar em apoio à governança palestina. Ele afirmou que o Conselho de Segurança da ONU deveria trabalhar no estabelecimento da missão e disse ter pedido para seu gabinete “trabalhar nisto com nossos parceiros o mais rápido possível”.

+ Vídeo: funeral de jornalistas mortos em Gaza reúne centenas em meio a críticas a Israel

Na semana passada, o gabinete político e de segurança de Israel aprovou um plano para assumir o controle da Cidade de Gaza, no norte do enclave, uma medida que vai expandir as operações militares, apesar das críticas crescentes, tanto no país quanto no exterior, à guerra.

Partidos religiosos de extrema direita que fazem parte da coalizão que sustenta o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, têm insistido na tomada total de Gaza — parte de sua promessa de eliminar completamente o Hamas. Tanto o grupo militante palestino como autoridades militares de Israel e familiares dos reféns lançaram alertas de que isso poderia colocar em risco a vida dos cativos.

Segundo Tel Aviv, há 50 pessoas ainda em posse do Hamas, 20 das quais acredita-se estarem vivas. Seus parentes defendem a assinatura de um cessar-fogo para a sua libertação. As negociações para uma nova trégua, que poderia ter tido resultado semelhante às últimas (com dezenas de cativos libertados), fracassaram em julho.

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Atualmente, as Forças de Defesa de Israel controlam aproximadamente 75% da Faixa de Gaza. As fortes restrições a insumos básicos impostas por Israel também vêm causando fome generalizada na região. Segundo um relatório avalizado pela ONU, 93% da população está em estado de vulnerabilidade alimentar e 244 000, em situação “catastrófica”. O fornecimento de mantimentos foi transferido a uma empresa americana apoiada por Israel e Estados Unidos — a GHF, criticada pela inexperiência e pelo viés militarizado da missão que encabeça.

Reações internacionais

Após a decisão israelense, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, exigiu que “o plano do governo israelense para uma tomada militar completa da Faixa de Gaza ocupada deve ser imediatamente interrompido”.

Na Alemanha, o governo tomou a enfática decisão de suspender todas as aprovações de exportação de artefatos militares que possam ser usados na Faixa de Gaza até novo aviso. O chanceler do país, Friedrich Merz, que até então era um dos mais ferrenhos defensores de Israel na Europa, afirmou que era direito do país fazer com que o Hamas entregue as armas e liberte os reféns, mas “o governo alemão acredita que a ação militar ainda mais dura na Faixa de Gaza, decidida pelo gabinete israelense na noite passada, torna cada vez mais difícil imaginar como esses objetivos podem ser alcançados”.

Segundo relatório de junho, entre 7 de outubro de 2023, quando começou a guerra em Gaza, e 13 de maio de 2025, foram concedidas licenças de exportação de equipamentos militares para Israel no valor de 485 milhões de euros (mais de R$ 3 bilhões).

Enquanto isso, a ministra das Relações Exteriores da Finlândia, Elina Valtonen, disse estar “extremamente preocupada” com a iminente fome em Gaza, insistindo que o país espera um cessar-fogo imediato em Gaza e a libertação imediata dos reféns israelenses. Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou que a decisão de Israel de intensificar ainda mais sua ofensiva é equivocada e instou o governo de Benjamin Netanyahu a reconsiderar os planos.

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“Essa ação não contribuirá em nada para pôr fim a este conflito ou para garantir a libertação dos reféns. Só trará mais derramamento de sangue. A cada dia, a crise humanitária em Gaza se agrava e os reféns tomados pelo Hamas são mantidos em condições terríveis e desumanas. O que precisamos é de um cessar-fogo, um aumento na ajuda humanitária, a libertação de todos os reféns pelo Hamas e uma solução negociada”, afirmou o premiê britânico em comunicado.

A Turquia instou a comunidade internacional a impedir o plano de Israel de assumir o controle da Cidade de Gaza, afirmando que se trata de um “forte golpe” para a paz e a segurança e que visa “deslocar à força os palestinos de suas próprias terras”. A China também expressou “sérias preocupações”, instando o governo israelense a “cessar imediatamente suas ações perigosas”.

“Gaza pertence ao povo palestino e é parte inseparável do território palestino”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês à agência de notícias AFP em mensagem. “A maneira correta de aliviar a crise humanitária em Gaza e garantir a libertação dos reféns é um cessar-fogo imediato”, acrescentou.

A Espanha condenou em termos fortes a decisão do governo israelense de intensificar a ocupação militar de Gaza. O ministro das Relações Exteriores do país, José Manuel Albares, afirmou que “isso só causará mais destruição e sofrimento”, pedindo um cessar-fogo permanente, a entrada imediata e massiva de ajuda humanitária no território e a libertação de todos os reféns.

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Na Escócia, o primeiro-ministro John Swinney, também disse que o plano “gerará ainda mais sofrimento humano”. “A decisão do governo israelense de tomar o controle da Cidade de Gaza é completa e totalmente inaceitável”, sublinhou.

Em Israel, o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos acusou o governo israelense de condenar os cativos restantes em Gaza “à morte”, de acordo com o jornal local The Times of Israel. Em declaração relativa ao plano divulgado pelo gabinete de segurança israelense, o grupo afirmou que a decisão foi “uma declaração oficial de abandono dos reféns, ignorando completamente os repetidos avisos do escalão militar e o claro desejo da maioria da população israelense”.

O fórum também acusa o governo de agir contra o interesse nacional com uma atitude “tola” de “engano e negligência moral e de segurança imperdoável”, que aproxima Israel de um “desastre colossal”.

O líder da oposição israelense, Yair Lapid, também condenou duramente a decisão do gabinete de segurança, qualificando-a de “um desastre”, e acusou os ministros da Segurança Interna e das Finanças, Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, ambos de extrema direita, de arrastarem o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para algo que era “exatamente o que o Hamas queria”.

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“Em total contradição com a opinião das forças armadas e de segurança, sem considerar a erosão e o esgotamento das forças de combate, Ben Gvir e Smotrich arrastaram Netanyahu para uma ação que levará meses, levará à morte de reféns, à morte de muitos soldados, custará dezenas de bilhões aos contribuintes israelenses e levará a um colapso político”, disse Lapid em comunicado. “Era exatamente isso que o Hamas queria: que Israel ficasse preso no campo de batalha, sem objetivo, sem definir o cenário do dia seguinte, numa ocupação inútil que ninguém entende para onde vai.”

Yair Golan, líder do Partido Democrata israelense, também afirmou que a decisão do gabinete de segurança significa que “mais reféns serão abandonados à morte”.

(Netanyahu) é fraco, facilmente pressionado, sem capacidade de tomada de decisão e sem capacidade de fazer a ponte entre o que o nível profissional apresenta e o grupo de messianistas que controla o governo”, disparou durante entrevista à Rádio do Exército de Israel contra o primeiro-ministro, referindo-se à sua coalizão de extrema direita.

Golan descreveu a decisão como “um desastre que vai reverberar por gerações”.

“Nossos filhos e netos continuarão patrulhando os becos de Gaza, pagaremos centenas de bilhões ao longo dos anos, e tudo isso por razões de sobrevivência política e visões messiânicas”, afirmou.

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