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Partido Conservador se divide sobre acordo a 200 dias para o Brexit

Plano de Theresa May para saída do Reino Unido da União Europeia não é bem visto por parte de sua base no Parlamento

Por Da Redação
Atualizado em 10 set 2018, 17h32 - Publicado em 10 set 2018, 16h58

O Partido Conservador britânico está imerso em grandes desacordos sobre as negociações do acordo do Brexit com a União Europeia. Faltam apenas 200 dias para a oficialização da saída do Reino Unido do bloco.

Os tories, como são conhecidos os conservadores no Reino Unido, estão há meses divididos sobre o Brexit, com uma parte deles claramente arrependida por ter apoiado a iniciativa. As negociações entre Londres e Bruxelas tornaram-se cada vez mais tensas, e o próprio governo de Theresa May foi atingido pela demissão dos ministros envolvidos nesse processo.

A retirada britânica do bloco europeu será efetivada em 29 de março de 2019. Não há sinais de Bruxelas sobre uma possível postergação e nem mesmo de um recuo na decisão tomada por Londres, com base no resultado de um plebiscito.

Os atritos na bancada conservadora aumentaram nos últimos dias, com a possibilidade de a primeira-ministra, Theresa May, ter sua liderança desafiada por um grupo de tories, entre os quais seu ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson.

Johnson, antigo prefeito de Londres, manifestou sua rejeição ao chamado plano de Chequers, que May elaborou com seus ministros em julho. A proposta prevê a criação de uma área de livre-comércio para bens após 29 de março de 2019, para evitar controles aduaneiros na fronteira entre a Irlanda – membro da União Europeia – e a Irlanda do Norte – parte do Reino Unido. No entendimento de Londres, as travas poderiam reacender o conflito entre as duas Irlandas – uma católica e a outra, protestante.

Para Johnson e outros parlamentares “eurocéticos”, o projeto de May é inaceitável. Eles estimam que, com a área de livre-comércio, o Reino Unido continuará ligado ao bloco europeu, e isso tornará mais difícil negociar acordos comerciais com países de fora da União Europeia

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Uma porta-voz da residência oficial de Downing Street disse nesta segunda-feira que não há alternativa ao programa apresentado pelo Executivo.

“Chequers é o único plano sobre a mesa, que cumprirá com a vontade do povo britânico ao mesmo tempo em que evitará uma fronteira dura na Irlanda do Norte. A primeira-ministra trabalha duro para conseguir um acordo e espera que todos os deputados possam apoiá-lo”, acrescentou a porta-voz.

Em artigo no jornal The Mail on Sunday, Johnson acusou ontem a primeira-ministra de pôr um “colete suicida” à Constituição britânica na negociação com a União Europeia e de entregar o “detonador” desse imaginário explosivo ao principal negociador comunitário, Michel Barnier.

O descontentamento se aprofundou hoje depois que o ex-secretário de Estado para o Brexit, Steve Baker, advertiu haver até 80 deputados tories dispostos a votar contra o plano de Chequers.

A liderança de May pode ser desafiada se 15% dos deputados conservadores – 48 deles – enviarem cartas pedindo sua deposição ao chamado Comitê 1922, o influente grupo formado pelos tories na Câmara dos Comuns.

Segundo Baker, que renunciou em julho como secretário de Estado para o Brexit, o nível de oposição ao projeto de Chequers mostra que a primeira-ministra enfrenta um “grande problema” entre seus parlamentares.

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No poder desde 2010, o Partido Conservador sofrerá uma “divisão catastrófica” se May seguir adiante com o plano. O texto foi negociado entre ela e seus ministros em reunião especial realizada em julho em sua residência campestre de Chequers, nos arredores de Londres.

“Estamos chegando agora a um ponto em que é extremamente difícil ver como podemos resgatar o Partido Conservador de uma divisão catastrófica e seguir adiante com a proposta de Chequers”, afirmou Baker.

“Eu observo o estado de ânimo dos colegas e do Partido Conservador no país, e estou gravemente preocupado com o futuro de nosso partido”, disse Johnson, que deixou claro que ele não pede uma mudança na liderança tory.

Espera-se que a proposta de May seja debatida no congresso anual dos conservadores, a ser realizado na cidade inglesa de Birmingham entre 30 de setembro e 3 de outubro.

(Com EFE)

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