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Parlamento britânico rejeita ‘última chance’ de acordo do Brexit

A proposta barrada por 344 votos contra 286 era uma versão simplificada da que foi derrotada em duas ocasiões pelos deputados

Por Pietra Carvalho Atualizado em 29 mar 2019, 14h42 - Publicado em 29 mar 2019, 11h47

O acordo da primeira-ministra britânica Theresa May para a saída do Reino Unido da União Europeia sofreu sua terceira derrota nesta sexta-feira, 29. A proposta, barrada por 344 votos contra 286, era uma versão simplificada da que já foi rejeitada pela maioria do Parlamento em duas ocasiões.

O resultado deixa o Reino Unido na iminência de um Brexit sem acordo no próximo dia 12 de abril, data definida pelos líderes europeus após o adiamento do prazo original, o dia 29 de março. Isso pode provocar, segundo as previsões do governo, uma situação de verdadeiro caos econômico, com aumento do desemprego, alta de preços e desvalorização da libra esterlina.

Tentando aumentar o apoio à sua proposta na votação desta sexta, May havia excluido a declaração política que definia o futuro da relação entre o Reino Unido e os países-membros do bloco europeu depois do divórcio. O Partido Trabalhista, principal força de oposição à líder britânica, se mostrou contrário a divisão do acordo afirmando que ela representava um “Brexit às cegas.”

O porta-voz trabalhista para o Brexit, Keir Starmer, afirmou ao programa BBC Today que “tirar a declaração política faz com que os parlamentares não saibam pelo que estão votando.”

A polêmica questão da fronteira entre as Irlandas, o chamado backstop, estava na parte submetida à votação hoje, assim como um acordo financeiro de 39 milhões de libras, detalhes do período transitório até o final de 2020 e garantias sobre os direitos de cidadãos europeus e britânicos. Por outro lado, questões como o futuro da livre circulação de bens e pessoas ficariam em aberto, já que estavam na parte extraída do documento.

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O Parlamento recebeu um alerta do governo de que esta era a “última chance” de garantir um Brexit com acordo no dia 22 de maio. O secretário de Justiça britânico, Geoffrey Cox, disse à Câmara dos Comuns que eles deveriam votar os termos da primeira-ministra até as 23h, no horário de Londres (19h em Brasília), se quisessem “assegurar seu direito jurídico” a uma extensão do prazo para a retirada da União Europeia.

‘Última chance’

Na última sexta-feira 22, o Conselho Europeu concordou em adiar o Brexit até o dia 22 de maio com a condição de que o acordo negociado por May fosse aprovado até o fim desta semana.

Agora, o Brexit deve acontecer sem acordo até o dia 12 de abril. Caso contrário, o Reino Unido terá que confirmar seus candidatos para as eleições do Parlamento Europeu, que acontecerão em junho, e quais serão seus próximos passos em relação à saída da União Europeia.

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Liam Fox, ministro do Comércio e parlamentar do Partido Conservador, afirmou que esta era a “última chance” de a Casa votar “o Brexit como nós o entendemos.”

O ministro ainda disse que o Parlamento deveria considerar o “abismo de desconfiança” que um divórcio fracassado criaria entre a classe política e o povo britânico, que aprovou a saída do bloco econômico em um referendo de 2016.

Para aprovar seu acordo, May precisava do apoio de centenas de parlamentares pró-Brexit da coalizão governista e do voto de mais de 20 parlamentares da oposição trabalhista. Mas o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP), que sustenta a maioria parlamentar da primeira-ministra, não mudou de ideia e seus dez deputados votaram contra o acordo.

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O presidente do Parlamento, John Bercow, afirmou que a Casa não votará mais nenhuma emenda ao longo do dia, dedicado apenas ao acordo de May. Na quarta-feira 27, a líder britânica prometeu renunciar se seu acordo fosse aprovado, mas nem isso convenceu os parlamentares mais resistentes.

Enquanto a premiê buscava salvar seu pacto e alguns parlamentares tentavam assumir o controle do processo, milhares de defensores da separação protestaram no centro de Londres com uma marcha sobre a “Traição do Brexit” liderada pelo ativista Nigel Farage.

(com Reuters)

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