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Parlamento britânico muda tópico sensível do acordo sobre Brexit

União Europeia responde que não reabrirá o acordo já fechado com a primeira-ministra, Theresa May

Por Da Redação
Atualizado em 29 jan 2019, 21h00 - Publicado em 29 jan 2019, 20h47

Em uma atribulada votação de emendas ao acordo sobre o Brexit, a maioria dos deputados britânicos rejeitou nesta terça-feira (29) sua oposição a hipótese de o Reino Unido sair da União Europeia de forma abrupta, sem um acordo com Bruxelas. A emenda proposta pela conservadora Caroline Spelman e a trabalhista Jack Dromey obteve 318 votos a favor e 310 contra. A votação, entretanto, está longe de garantir uma saída menos turbulenta de Londres do bloco europeu.

O Acordo de Saída, fechado entre Bruxelas e a primeira-ministra britânica, Theresa May, foi modificado por outras emendas aprovadas pela Câmara dos Comuns. A principal delas, aprovada por 317 votos, prevê a substituição do controvertido “backstop” por outros “acertos alternativos” ainda não especificados nem apresentados ao plenário.

O “backstop” diz respeito à preservação temporária do livre comércio entre a britânica Irlanda do Norte e a europeia Irlanda, como meio de evitar que uma fronteira dura nessa fronteira venha a ressuscitar a violência na região. A maioria dos parlamentares britânicos não a quer. Também sabe o que colocar em seu lugar. A União Europeia, porém, é mais decidida nesse ponto.

Bruxelas reiterou nesta terça-feira que não reabrirá o Acordo de Saída já fechado com a primeira-ministra britânica – nem mesmo para tratar do “backstop”. O presidente do Conselho Europeu, Robert Tusk, ressaltou ainda concordar com o Parlamento europeu sobre a necessidade de se evitar a saída sem um acerto prévio. Com isso, pressiona Londres a aprovar e adotar os termos do acordo.

“O Acordo de Saída é e continua a ser o melhor e o único meio de garantir uma retirada ordenada do Reino Unido da União Europeia”, afirmou. “O ‘backstop’ é parte do Acordo de Saída, e o Acordo de Saída não está aberto a renegociação”, completou Tusk.

O presidente do Conselho afirmou que os 27 membros da União Europeia podem considerar a extensão do prazo da retirada do Reino Unido. Mas enfatizou que o bloco se prepara para todos os cenários, inclusive para a retirada de Londres sem acordo, considerada a pior hipótese.

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Em seu discurso no Parlamento, May já havia alertado sobre o apetite pequeno da Europa para a mudança no “backstop”. Mas afirmou que, agora, quer conversar com os parlamentares que votaram contra a retirada sem acordo para saber se apoiariam sua proposta.

O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, endossou o comunicado de Tusk. “Nós dissemos reiteradamente que queremos a relação futura mais próxima possível entre a União Europeia e o Reino Unido. Uma mudança no posicionamento do Reino Unido pode levar à mudança na declaração política que está na base para a futura relação e para o melhor resultado geral”, afirmou Varadkar.

A votação desta terça-feira foi acompanhada com atenção por várias entidades empresariais que serão forçadas a se ajustar à retirada – possivelmente brusca – do Reino Unido. Segundo o jornal The Guardian, a Confederação Britânica das Indústrias (CBI) lamentou a perda de tempo com a votação. “Este é mais um dia frustrante para o setor empresarial britânico. O processo parlamentar manco que nunca acaba enquanto o impacto econômico de uma saída sem acordo acelera”, afirmou, em nota.

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A Câmara Britânica de Comércio (BCC) avalia que, a “cada grande negócio com alto perfil relacionado ao Brexit anunciado, há muitos silenciosamente fazendo as mudanças necessárias para se salvaguardar suas operações de uma saída desordenada”. “O resultado líquido desse deslocamento e incerteza é o lento, mas perigoso, para a economia do Reino Unido”, afirmou Adam Marshall, diretor-geral da BCC.

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