Parlamento alemão derruba chanceler e abre caminho para novas eleições
Crise política começou após colapso da coalizão governista devido a divergências na área econômica; pleito deve ser antecipado para fevereiro de 2025

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, perdeu um voto de confiança no Parlamento nesta segunda-feira, 16, o último prego no caixão de seu governo após a coalizão que ele liderava entrar em colapso em novembro. A moção abre caminho para eleições antecipadas em fevereiro a fim de escolher um novo nome para o cargo, que terá o desafio de resgatar o país da recente crise política.
Agora, Scholz deve dissolver o Parlamento com o aval do presidente Frank-Walter Steinmeier. Com isso, espera-se que a eleição seja realizada em 23 de fevereiro. Enquanto isso, seu governo permanecerá como está, de maneira interina.
Em meio à instabilidade, o chanceler apresentou um conjunto de medidas urgentes que podem ser aprovadas antes do desmonte da Bundestag, como o corte de 11 bilhões de euros (cerca de 69 bilhões de reais) em impostos e o aumento dos benefícios para crianças, em formato de subsídios para as famílias. Nesta manhã, antecipando o revés no Parlamento, ele afirmou que novas eleições permitirão que a população decida o rumo do país — dividido entre aqueles que defendem maiores investimentos, como ele, ou maiores cortes de gastos, como demandam os conservadores.
“Falta de visão pode economizar dinheiro no curto prazo, mas a hipoteca sobre o nosso futuro é insustentável”, argumentou Scholz.
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Queda de coalizão
A turbulência começou quando o chanceler, que pertence ao Partido Social-Democrata (de centro-esquerda), demitiu seu ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrático Liberal (de centro-direita), depois de meses de disputa sobre como preencher um buraco multibilionário no orçamento nacional.
A legenda de Lindner, por sua vez, abandonou a coalizão, que também conta com o Partido Verde, deixando-a sem maioria parlamentar.
O Partido Social-Democrata, o Partido Democrático Liberal e o Partido Verde governavam juntos desde 2021, a primeira coalizão de três pilares em nível federal na história da Alemanha. O atrito entre as legendas se agravou nos últimos meses devido à saúde financeira do país — a maior economia da Europa deve encolher pelo segundo ano consecutivo e em meio à atual volatilidade geopolítica, com guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.