Paris prepara retirada de franceses e europeus do Níger após golpe militar
Ditaduras vizinhas da África Ocidental acusam França e outras nações de planejarem uma intervenção armada na nação
O Ministério das Relações Exteriores da França disse nesta terça-feira, 1, que vai começar a remover seus cidadãos e outros europeus do Níger, uma semana depois que um golpe militar mergulhou a nação da África Ocidental em uma crise política que polarizou os países vizinhos da região.
A pasta se preocupa especialmente com a “situação em Niamey”, onde apoiadores do golpe se reuniram em frente à embaixada francesa na capital nigeriana para protestar no final de semana contra a influência pós-colonial do país. O Níger tornou-se independente da França em 1960.
Paris planeja uma rota aérea para a retirada dos seus cidadãos de Niamey, em coordenação com as forças nigerinas, de acordo a emissora americana CNN, que obteve uma mensagem da embaixada francesa aos cidadãos franceses no Níger. Segundo o documento, a operação deve ocorrer “muito em breve” e será concluída “rapidamente”, para aproveitar a relativa calma em Niamey.
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Ao mesmo tempo, Burkina Faso e Mali acusam a Europa de planejar uma intervenção militar. Em comunicado conjunto, as nações africanas disseram que qualquer operação do tipo contra o Níger seria considerada guerra contra eles todos.
“Toda intervenção militar contra o Níger será considerada equivalente a uma declaração de guerra contra Burkina Faso e Mali”, disseram os dois países na segunda-feira 31.
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A dramática destituição do presidente Mohamed Bazoum na última quarta-feira 26 provocou reações divididas nos países da região do Sahel, onde a ameaça de militantes extremistas nos últimos anos desestabilizou governos locais. No domingo 30, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu um alerta severo contra a junta militar do Níger e deu-lhe uma semana para libertar e restituir o governo de Bazoum, alertando que eles não descartam o “uso da força” se as demandas não forem atendidas.
Líderes da África Ocidental impuseram sanções como proibição de viagens e o congelamento de bens dos militares envolvidos na tentativa de golpe, bem como de seus familiares e dos civis que aceitarem participar de qualquer instituição ou governo estabelecido pelos militares. A França e a União Europeia também cortaram a ajuda financeira ao Níger após o golpe.