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Papa denuncia lei do silêncio em casos de abuso sexual na igreja

Em carta enviada aos padres, Francisco pede o fim da cultura que permite a perpetuação do crime

Por Da Redação
Atualizado em 11 mar 2021, 22h15 - Publicado em 4 ago 2019, 11h29

O papa Francisco denunciou novamente neste domingo, 4, a lei do silêncio que imperava sobre os casos de abusos sexuais cometidos por padres e reiterou o pedido de “transparência, sinceridade e solidariedade” com as vítimas.

“Nos últimos tempos conseguimos ouvir com maior clareza o grito, tantas vezes silencioso e silenciado, de nossos irmãos, vítimas de abuso de poder, consciência e sexual por parte de ministros ordenados”, escreveu o pontífice em uma carta enviada aos padres por ocasião do 160º aniversário da morte do francês Jean-Baptiste-Marie Vianney, conhecido como Santo Cura de Ars.

“Como vocês sabem, estamos firmemente comprometidos com a aplicação das reformas necessárias para estimular, a partir da raiz, uma cultura baseada no cuidado pastoral de maneira tal que a cultura do abuso não encontre espaço para desenvolver-se e, menos ainda, perpetuar-se”, completou.

“Se no passado a omissão pode ter se transformado em uma forma de resposta, hoje queremos que a conversão, a transparência, a sinceridade e a solidariedade com as vítimas se converta em nosso modo de fazer a história e nos ajude a estar mais atentos ante todo sofrimento humano”, afirmou o papa

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Diante de uma série de escândalos de abusos sexuais que mancharam a imagem da Igreja Católica, o papa Francisco organizou em fevereiro uma reunião mundial de bispos sobre o tema e prometeu adotar ações concretas.

No início de maio, o pontífice modificou a legislação interna da Igreja para estabelecer a obrigação de que os padres denunciem qualquer suspeita de agressão ou assédio sexual. Também obriga os membros da igreja a apontar qualquer tentativa da hierarquia de acobertar os abusos sexuais cometidos por padres ou religiosos.

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Francisco também se referiu aos padres que lamentam ser marcados por crimes que não cometeram. “Muitos me manifestaram sua indignação pelo ocorrido, e também certa impotência, pois viveram o dano provocado pela suspeita e o questionamento, que em alguns ou muitos pode ter introduzido a dúvida, o medo e a desconfiança”, escreveu o papa.

“Sem negar e repudiar o dano causado por alguns de nossos irmãos, seria injusto não reconhecer tantos sacerdotes que, de maneira constante e honesta, entregam tudo o que são e têm para o bem dos demais”, completou.

Segundo o papa, inúmeros sacerdotes que fazem de sua vida uma obra de misericórdia em regiões ou situações tantas vezes inóspitas, afastadas ou abandonadas e se colocam em risco.  “Reconheço e agradeço vosso corajoso e constante exemplo que, em momentos de turbulência, vergonha e dor, nos manifesta que vocês seguem atuando com alegria pelo Evangelho”, concluiu.

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