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Papa critica ‘poder armado’ e guerra no Iêmen em visita aos EAU

Francisco encerrou viagem nesta terça com primeira missa papal na Península Arábica em estádio lotado

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h56 - Publicado em 5 fev 2019, 11h58

O papa Francisco criticou a “lógica do poder armado” no Iêmen, na Síria e em outras guerras do Oriente Médio em uma visita histórica à Península Arábica, dizendo a cristãos e muçulmanos que conflitos não trazem nada além de miséria e morte.

Francisco, o primeiro pontífice a visitar a região, se pronunciou durante viagem aos Emirados Árabes Unidos (EAU), que desempenham um papel de destaque no conflito do Iêmen, como parte de uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita.

“A guerra não pode criar nada além da miséria, armas não trazem nada além da morte”, disse o papa durante discurso após se reunir com líderes dos EAU na capital Abu Dhabi nesta segunda-feira, 4.

“Suas consequências fatídicas estão diante de nossos olhos. Estou pensando especialmente no Iêmen, na Síria, no Iraque e na Líbia”, disse durante reunião inter-religiosa no Memorial dos Fundadores dos Emirados Árabes Unidos.

A guerra de quase quatro anos do Iêmen, o país mais pobre da Península Arábica, tem deixado dezenas de milhares de mortos e quase 16 milhões de pessoas enfrentando fome severa. No conflito, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e leal ao presidente deposto Abd-Rabbu Mansour enfrenta o grupo Houthi, alinhado com o Irã.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) está tentando implementar um frágil acordo de cessar-fogo no principal porto do país, Hodeidah, vital para milhões de pessoas e o local de algumas das batalhas mais violentas da guerra. A ONU espera que o acordo abra caminho para negociações para encerrar o conflito.

Francisco usou seu pronunciamento regular de domingo no Vaticano para pedir que todos os lados implementem o acordo e ajudem na entrega de auxílio humanitário.

Primeira missa papal na Península Arábica

O papa Francisco terminou nesta terça-feira, 5, sua visita histórica aos EAU com uma missa no estádio de Zayed Sports City, lotado com mais de 120.000 fiéis. Mais de 2.000 ônibus transportaram gratuitamente pessoas de todo o país até Abu Dhabi para a celebração.

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Os Emirados abrigam cerca de metade dos 2 milhões de católicos expatriados que vivem na península, que inclui a Arábia Saudita, o berço do islamismo. A comunidade inclui grandes contingentes das Filipinas e da Índia.

“Certamente não é fácil para vocês viverem longe de casa, sentindo falta da afeição de seus entes queridos, e talvez também sentindo incerteza sobre o futuro”, disse o papa, pedindo aos presentes para se inspirarem em Santo Antônio Abade, fundador do monacato no deserto.

“O Senhor se especializa em fazer coisas novas: ele pode até abrir caminhos no deserto”, disse ele ao final de uma viagem durante a qual se encontrou com o grande imã da mesquita de Al-Azhar, no Egito, e com líderes dos Emirados.

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Liberdade religiosa

Os Emirados promovem uma imagem de abertura e tolerância, embora no país seja praticada a “tolerância zero” contra toda dissidência, particularmente a dos adeptos do Islã político, representado pela Irmandade Muçulmana.

O reino vizinho da Arábia Saudita, ultraconservador, proíbe qualquer prática religiosa que não seja o Islã.

Na segunda-feira, em um longo discurso diante de líderes de todas as religiões, Francisco estimulou que os Emirados “continuem em seu caminho” garantindo a liberdade de culto.

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Ao mesmo tempo, o papa jesuíta insistiu sobre a necessidade de “liberdade religiosa”, que deve ir além da simples liberdade de culto. Pediu a todo o Oriente Médio “o mesmo direito à cidadania” para as pessoas das diferentes religiões.

(Com Reuters e AFP)

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