Pais de turistas mortos criticam ‘lista de atentados’ de Trump
O assassinato de Mia Ayliffe-Chung e Tom Jackson foi citado em uma lista de ataques terroristas "pouco noticiados", elaborada pelo governo americano

As famílias de dois turistas britânicos mortos na Austrália, no ano passado, criticaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por incluir o caso em uma lista de atentados jihadistas, que supostamente não receberam cobertura da imprensa. Na terça-feira, os pais de Mia Ayliffe-Chung, 21 anos, e Tom Jackson, 30, condenaram o republicano por usar as mortes para reforçar sua agenda anti-imigração.
Na segunda-feira, Trump acusou a imprensa de”desonesta” por não desejar cobrir alguns ataques extremistas. A Casa Branca publicou posteriormente uma lista de 78 “atentados” que teriam sido “executados ou inspirados” pelo grupo Estado Islâmico. A relação inclui cinco episódios na Austrália, entre eles o assassinato dos dois mochileiros britânicos.
Em uma carta aberta a Trump, publicada nas redes sociais, Rosie Ayliffe, mãe de Mia, condena o vínculo estabelecido entre o crime e o islamismo radical. “A possibilidade de que as mortes de Mia e Tom tenham sido consequência de um ataque terrorista islâmico foi descartada nos primeiros momentos da investigação”, escreveu.
O francês Smail Ayad foi acusado pelos assassinatos, cometidos em um hostel de Home Hill, no Estado de Queensland. A polícia informou que o francês gritou “Allahu Akbar” (Deus é grande) no momento do crime, mas não detectou nenhum vínculo terrorista. Segundo Rosie, outros mochileiros relataram que Ayad nunca foi visto rezando. O assassinato foi encaminhado à Justiça como um episódio relacionado à perturbação mental.
“Esta difamação de Estados nações inteiros e suas populações com base na religião é uma recordação terrível do horror que pode acontecer quando nos permitimos ser liderados por ignorantes para a escuridão e o ódio”, comentou Rosie. “A morte de minha filha não será utilizada para promover esta perseguição insana de inocentes”, concluiu.
https://twitter.com/RosieAyliffe/status/828912495205240832
Tom Jackson
Outra vítima do atentado, Tom Jackson tentou proteger Ayad de atacar Mia e acabou gravemente ferido, morrendo uma semana depois. O pai do jovem, Les Jackson, comentou no Twitter que Trump usou a morte de seu filho para “promover sua campanha de perseguição e ódio”. “Tenho certeza que ele e seus assessores sabem bem – ou poderiam verificar facilmente – que Tom e Mia morreram não como resultado de um ato de terrorismo, mas pelas ações de um indivíduo perturbado”, escreveu. Segundo Jackson, Tom era um “cidadão do mundo”, que cultivava amizades com pessoas de “todas as raças, credos e cores”.
https://twitter.com/les_jackson/status/829016869646585858
(Com AFP)