Os principais pontos da reunião entre Lula e o presidente da Itália
O mandatário brasileiro conversou com Sérgio Mattarella sobre a expansão de trocas comerciais e intercâmbio cultural entre os países
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, no início da tarde desta quarta-feira, 21, com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, em Roma. Os dois discutiram a ampliação do comércio exterior e intercâmbio cultural entre os dois países.
De acordo com o Planalto, os dois líderes conversaram sobre questões do mundo atual, como a necessidade de equacionar o conflito entre Rússia e Ucrânia na economia. Outro assunto abordado foi a negociação de um aguardado acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que Lula disse querer concluir até o final deste ano.
O tema deve se repetir durante a próxima parada do petista na viagem à Europa, a França, onde se encontrará com o líder do país, Emmanuel Macron. Embora a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tenha estipulado a mesma meta do presidente brasileiro para a finalização do pacto, Paris oferece resistência, tendo aprovado na semana passada uma resolução legislativa pedindo ao governo para pausar negociações.
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No âmbito comercial, Brasil e Itália assinaram um acordo de Parceria Estratégica em 2007, durante o segundo mandato do presidente Lula. Em 2010, entrou em vigor um Plano de Ação que destacava 16 áreas-chave de cooperação entre as nações.
No comércio exterior, o volume de negócios entre os países chegou a US$ 10,46 bilhões em 2022. As exportações do Brasil para a Itália somaram quase US$ 4,9 bilhões, fazendo do país europeu o 15º principal destino para produtos brasileiros. No sentido inverso, as importações de produtos italianos para o Brasil foram da ordem de US$ 5,5 bilhões, o sétimo maior volume de importações feitas pelo país.
Os principais produtos brasileiros exportados para a Itália foram: celulose (17%), café (17%), petróleo cru (6,8%), soja (6,7%) e minério de ferro (6,3%). Os produtos italianos mais importados pelo Brasil foram peças e acessórios de veículos (7,3%), produtos farmacêuticos (6,8%), medicamentos (5,6%), produtos industrializados (4,8%) e motores (4,3%).
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Além disso, Lula e Mattarella conversaram sobre assuntos culturais em comum. Lula convidou o presidente italiano a visitar o Brasil e lembrou que o país tem a maior colônia italiana em todo o mundo, algo que torna os dois países “irmãos”.
A intensa imigração italiana no início do século 20 fez com que o Brasil tenha a maior colônia de italianos e descendentes no mundo, com cerca de 30 milhões de pessoas. A comunidade de brasileiros em território italiano também é grande, com cerca de 100 mil pessoas vivendo nas suas principais cidades.
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Um comunicado do governo informou que os dois falaram sobre como ampliar tanto o intercâmbio cultural como o comércio entre o Brasil e a Itália. O brasileiro reforçou, ainda, sua relação de longa data com a nação europeia.
“Minha relação com a Itália é histórica, desde a época em que fui dirigente sindical. Hoje retorno ao país para fortalecermos as relações e parcerias entre as duas nações”, afirmou o presidente brasileiro em postagem no Twitter.
“Comecei a ter ligação com a Itália quando assumi a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos da indústria automobilística brasileira em 1975, e a partir de então comecei a ter ligações com o movimento sindical italiano, depois reuniões com partidos e movimentos sociais da Itália”, completou.
Após o encontro bilateral, no Palácio Quirinale, o mandatário italiano ofereceu um almoço ao presidente do Brasil e à primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Agenda intensa
Na sua primeira reunião do dia em Roma, o presidente Lula se encontrou com o ex-primeiro-ministro italiano Massimo D’Alema. Os dois conversaram sobre a conjuntura política do Brasil e da esquerda europeia e da social-democracia na Europa.
Em seguida, ele teve uma reunião com a secretária-geral do Partido Democrático Italiano, Elly Schlein, uma das líderes da oposição no parlamento local, com apenas 38 anos. Com ela, Lula falou sobre as conjunturas políticas na Itália e no Brasil e sobre a necessidade de uma maior união entre legendas progressistas pelo mundo.
Schlein, que também é vice-presidente da região de Emília-Romanha, no Norte do país, polo da indústria automobilística italiana – onde estão as fábricas da Ferrari, Lamborghini, Pagani, Maserati e Ducati –, conversou com Lula ainda sobre violência de gênero na política.
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O petista também manteve encontro com o papa Francisco no Vaticano, onde discutiram temas como paz mundial (inclusive o espinhoso assunto da guerra na Ucrânia) e desigualdade social, como foco no combate à fome.
Em seguida, ele tem reuniões marcadas com a primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, que entrou de última hora em sua agenda após uma série de críticas à ausência do encontro, e com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri (esta de caráter mais pessoal, visto que o político visitou-o quando estava preso em Curitiba).