Orquestra norte-coreana é recebida com protestos na Coreia do Sul
Um forte aparato de segurança foi montado ao redor do porto onde barco da Coreia do Norte desembarcou
Uma embarcação da Coreia do Norte aportou na Coreia do Sul nesta terça-feira, trazendo mais de 100 músicos da Orquestra Samjiyon, que se apresentará durante a Olimpíada de Inverno de PyeongChang.
A orquestra foi recebida por grupos de manifestantes, que protestam contra a presença dos norte-coreanos no país e acreditam que os concertos representam um ato de propaganda a favor do regime de Kim Jong-un.
Um forte aparato de segurança foi montado para a chegada do barco e para impedir que os manifestantes se aproximassem dos músicos. A embarcação Mangyongbong-92 chegou ao porto de Mukho (cerca de 185 quilômetros ao leste de Seul) por volta das 17h do horário local (6h de Brasília), após atravessar a chamada Linha de Limite Norte (LLN) que separa as águas de ambos países.
Como já vinha acontecendo desde que a Coreia do Sul firmou seu acordo com os líderes do Norte, os manifestantes queimaram fotos do líder norte-coreano Kim Jong-un no porto e cantaram o hino nacional sul-coreano. No entanto, o forte cordão de segurança posicionado em torno dos cais impediu jornalistas e curiosos de verem pouco mais que o teto do barco, que chegou com a maioria das persianas dos camarotes fechadas.
A orquestra Samjiyon, cujo nome vem do condado norte-coreano aos pés do monte Paektu – lugar sagrado na particular iconografia do regime -, parece ter sido criada expressamente para estes Jogos e está liderada pela artista Hyon Song-wol. Ela também comanda a famosa banda Moranbong e, segundo rumores, foi namorada do próprio Kim Jong-un.
O porto de Mukho se encontra a pouco mais de 20 quilômetros ao sul de Gangneung, onde a orquestra fará seu primeiro concerto em 8 de fevereiro, na véspera da abertura dos Jogos. A previsão é que, durante os primeiros dias, a orquestra durma a bordo do barco. A embarcação deve voltar à Coreia do Norte logo depois que o conjunto viajar a Seul para fazer seu segundo concerto em 11 de fevereiro.
Os concertos representam uma ocasião histórica, já que artistas norte-coreanos raramente podem viajar e se apresentar no Sul. As apresentações são fruto dos acordos traçados entre os dois países – que tecnicamente ainda estão em guerra – para que a Coreia do Norte participe dos Jogos de Inverno.
Para permitir a chegada do barco, Seul teve que abrir uma exceção, já que as leis locais proíbem qualquer embarcação norte-coreana de viajar ao seu território desde 2010, como parte das sanções internacionais impostas para desestimular o programa nuclear e balístico de Kim Jong-un.