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ONU: Guerra na Ucrânia inflamou crise alimentar global que pode durar anos

O secretário-geral António Guterres disse que a escassez de grãos e fertilizantes causada pela guerra 'leva milhões de pessoas à insegurança alimentar'

Por Da Redação
Atualizado em 19 Maio 2022, 17h23 - Publicado em 19 Maio 2022, 08h49

As Nações Unidas alertaram nesta quinta-feira, 19, que a guerra na Ucrânia ajudou a agravar uma crise alimentar mundial que pode durar anos se não for controlada. O secretário-geral António Guterres disse que a escassez de grãos e fertilizantes causada pelo conflito, somada ao aquecimento global e problemas de abastecimento causados ​​pela pandemia “levaram dezenas de milhões de pessoas à insegurança alimentar”.

Em uma reunião das Nações Unidas em Nova York sobre segurança alimentar, Guterres pediu para a Rússia permitir as exportações de grãos ucranianos, para evitar consequências como “desnutrição e fome em massa, em uma crise que poderia durar anos”.

A invasão da Ucrânia por Moscou e as sanções econômicas internacionais à Rússia interromperam o fornecimento de fertilizantes, trigo e outras commodities de ambos os países, elevando os preços de alimentos e combustíveis, especialmente nos países em desenvolvimento. Juntas, as nações em guerra produzem 30% do trigo do mundo.

Antes da invasão em fevereiro, a Ucrânia era vista como a “cesta de pão do mundo”, exportando 4,5 milhões de toneladas de produtos agrícolas por mês em seus portos – 12% do trigo do planeta, 15% do milho e metade do óleo de girassol.

Mas os portos de Odesa, Chornomorsk e todos os outros foram isolados do mundo por navios de guerra russos. O suprimento só pode ser transportado por rotas terrestres, muito menos eficientes.

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Isso fez com que os preços de produtos básicos disparassem. O índice de preços de alimentos e agrícolas das Nações Unidas atingiu uma alta histórica de quase 160 pontos em março, antes de cair um pouco em abril, para 158,8. Preços de cereais e carnes também atingiram recordes em março: há um ano, o trigo era negociado na Bolsa de Chicago a 674 centavos de dólar por bushel e hoje alcança 1.242 centavos de dólar – quase o dobro –, impulsionado pela falta de oferta.

Na quarta-feira 18, o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PAM), David Beasley, disse que não abrir os portos fechados na Ucrânia levará milhões de pessoas à fome.

+ A guerra da Ucrânia e o fantasma de uma crise alimentar global

“A falha em abrir os portos é uma declaração de guerra à segurança alimentar global, resultando na desestabilização da fome nas nações, bem como na migração em massa por necessidade”, disse. “Não se trata apenas da Ucrânia. Trata-se dos pobres mais pobres do mundo, que estão à beira da fome enquanto falamos”, acrescentou.

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“Peço ao presidente [Vladimir] Putin que, se você tiver algum coração, por favor, abra esses portos. Por favor, assegure a todos os envolvidos que as passagens serão desobstruídas para que possamos alimentar os mais pobres e evitar a fome”, disse o chefe do PAM.

Ele observou que a Ucrânia é uma nação que produz grãos suficientes para alimentar 400 milhões de pessoas e que agora está fora de produção. Também sublinhou que “o tempo está acabando”. O Banco Mundial já anunciou um financiamento adicional de US$ 12 bilhões para mitigar os “efeitos devastadores” da fome – mas sem a concessão russa, o cenário é sombrio.

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