ONU faz reunião de emergência para discutir guerra entre Rússia e Ucrânia
Assembleia emergencial só foi convocada outras dez vezes na história
As Nações Unidas convocaram no último domingo, 27, uma reunião emergencial sobre o conflito entre Moscou e Kiev.
A Assembleia ocorre nesta segunda-feira, 28, em Nova York. A sessão tem como objetivo realizar uma votação nesta semana para isolar a Rússia, deplorando sua “agressão contra a Ucrânia” e demandando a suspensão das hostilidades e a retirada russa. A reunião foi iniciada com um minuto de silêncio por iniciativa de seu presidente, Abdulla Shahid, em memória das vítimas do conflito.
Embora não sejam vinculantes, as resoluções da Assembleia Geral têm peso político. O texto a ser votado é similar a um que foi vetado pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU na semana passada. Nenhum país tem direito a veto na Assembleia, e diplomatas do Ocidente esperam que a resolução, que precisa de apoio de dois terços, seja adotada, numa mostra do isolamento russo por sua ofensiva contra o país vizinho.
O primeiro a falar foi o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, que pediu um cessar-fogo imediato. António Guterres, secretário geral da ONU, fez coro ao posicionamento do colega e garantiu que a entidade não abandonará a Ucrânia.
Sergiy Kyslytsya, embaixador da Ucrânia, destacou que é a primeira vez desde 1945 que existe uma guerra em plena escala no centro da Europa e afirmou que a Federação Russa é a única culpada pela guerra.
Em seguida, Vasily Nebenzya, representante da Rússia da ONU, disse que o Acordo de Minsk foi sabotado e “a Rússia está no direito de agir sobre um governo que sufoca algumas pessoas”.
Em discurso, Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, garantiu que EUA e Otan “não desejam conflito com Rússia”.
O embaixador Ronaldo Costa Filho representou o Brasil na reunião discursou a favor de uma negociação diplomática e “a favor da paz”.
O embaixador da China na ONU, Zhang Jun, advertiu que “não há nada a ganhar” com uma nova Guerra Fria: “A Guerra Fria acabou há muito tempo. A mentalidade da Guerra Fria, baseada no confronto de blocos, deve ser abandonada. Não há nada a ganhar com o início de uma Nova Guerra Fria”.
Zhang também afirmou que a “segurança de um país não deve depender da segurança de outro”. Em seu discurso breve, mas contundente, ele defendeu a retomada do diálogo entre a Otan, a União Europeia e a Rússia, “levando em conta as legítimas preocupações de segurança” de todas as partes.
Essa é a 11ª vez na história que a Organização realiza uma sessão especial. A última ocorreu em julho de 2018 e tratou do embate entre Israel e Palestina. Aproximadamente 110 países se inscreveram para discursar. O encontro acabou após o discurso de número 45, feito pelo Chile. A Assembleia retoma amanhã com o discurso do Paraguai. Os EUA são o número 112 na lista e a votação deve ocorrer até quarta-feira.
Nesta segunda, delegações russas e ucranianas também se encontraram em Belarus para discutir negociações de cessar-fogo. A reunião, no entanto, foi encerrada sem avanços e uma nova conversa está sendo agendada.