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ONU declara fome em Gaza e culpa Israel, que nega classificação

Cenário poderia ser evitado sem a 'obstrução sistemática' das forças israelenses, diz órgão, após meses de advertências sobre crise humanitária no enclave

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2025, 08h47 - Publicado em 22 ago 2025, 08h27

Um órgão ligado às Nações Unidas declarou oficialmente nesta sexta-feira, 22, um estado de fome generalizada em Gaza, o primeiro a afetar o Oriente Médio, depois que especialistas alertaram no mês passado que um em cada três dos 2,2 milhões de habitantes do enclave passada dias sem comer. A responsabilidade pela situação foi atribuída a Israel, que descartou a nova classificação como baseada em “mentiras do Hamas”.

Após meses de alertas sobre a situação no território devastado pela guerra, a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), que produz o mais confiável termômetro sobre a fome, elevou sua classificação para a Fase 5 – a mais alta e grave – na Cidade de Gaza e seus arredores. O mesmo cenário deve afetar as áreas de Deir al Balah e Khan Yunis até o final de setembro.

A classificação afirma que mais de meio milhão de pessoas na Faixa de Gaza estão enfrentando condições “catastróficas” caracterizadas por “fome, miséria e morte”. Até o final de setembro, mais de 640 mil pessoas se enquadrarão neste grupo. Enquanto isso, mais 1,14 milhão de pessoas estarão em situação de emergência (Fase 4 do IPC) e outras 396 mil, em situação de crise (Fase 3). Estima-se que as condições no norte de Gaza sejam tão graves – ou piores – quanto as da Cidade de Gaza.

Escassez

O diretor de ajuda humanitária das Nações Unidas, Tom Fletcher, afirmou que a fome em Gaza “poderia ter sido evitada” sem “a obstrução sistemática de Israel”.

Israel afirmou que o relatório do IPC se baseou em “mentiras do Hamas”. A rejeição da classificação contradiz mais de 100 grupos humanitários, testemunhas no local e vários órgãos das Nações Unidas. O país continua restringindo a quantidade de ajuda que entra em Gaza e já negou anteriormente que haja fome no território.

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Desde julho, a entrada de alimentos e suprimentos de ajuda humanitária em Gaza aumentou ligeiramente. Mas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), permanece “extremamente insuficiente, inconsistente e inacessível em comparação com a necessidade”.

Após a suspensão de um segundo cessar-fogo em fevereiro, o território chegou a ficar três meses à míngua, até que o governo de Israel decidiu, com apoio dos Estados Unidos, eleger como principal distribuidora local de comida a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma empresa americana pouco experiente que reduziu a entrega a quatro pontos (contra os 400 de antes). Isso obriga multidões a cruzar quilômetros em um esquema militarizado que, não raro, acaba em tiros. A razão para a mudança na entrega dos mantimentos teria sido motivada, conforme a versão oficial, pelos frequentes saques das cestas por parte de membros do Hamas.

Enquanto isso, aproximadamente 98% das terras agrícolas no território estão danificadas ou inacessíveis – dizimando o setor agrícola e a produção local de alimentos – e nove em cada dez pessoas foram deslocadas em série de suas casas. Os preços dos alimentos estão extremamente altos e não há combustível e água suficientes para cozinhar, além de medicamentos e suprimentos médicos.

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Segundo o IDF, o Exército de Israel, a culpa pela baixa entrega de ajuda humanitária é de organizações internacionais que não cumprem sua missão “por falta de cooperação”. A ONU enfaticamente nega, dizendo não haver garantia mínima de segurança para a operação.

Ponto de ruptura

A declaração de um estado generalizado de fome acontece quando três limites críticos – privação extrema de alimentos, desnutrição aguda e mortes relacionadas à fome – são ultrapassados.

O acesso a alimentos em Gaza continua extremamente restrito. Em julho, o número de famílias que relataram fome muito severa dobrou em todo o território em comparação com o mês anterior, e mais que triplicou na Cidade de Gaza. Mais de uma em cada três pessoas (39%) indicou passar dias sem comer, e pais frequentemente pulam refeições para alimentar seus filhos, segundo o IPC.

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A OMS alertou que a desnutrição entre crianças em Gaza está acelerando “a um ritmo catastrófico”. Só em julho, mais de 12 mil crianças foram identificadas como gravemente desnutridas – o maior número mensal já registrado no território e um aumento de seis vezes desde o início do ano. Quase uma em cada quatro dessas crianças sofre de desnutrição aguda grave (DAG), a forma mais letal, com impactos a curto e longo prazo.

Desde a última análise do IPC, em maio, o número de crianças em alto risco de morte por desnutrição até meados de 2026 triplicou de 14.100 para 43.400. Para mulheres grávidas e lactantes, o número estimado de casos incluídos nesse cenário também triplicou, de 17 mil para 55 mil. O impacto é visível: um em cada cinco bebês no enclave nasce prematuro ou abaixo do peso.

“Um cessar-fogo é um imperativo absoluto e moral agora”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “O mundo esperou demais, assistindo ao aumento de mortes trágicas e desnecessárias devido a essa fome provocada pela ação humana.”

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