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OMS pede ao governo americano reconsiderar corte no financiamento

Tedros Adhanom argumenta que a Covid-19 estará entre nós por muito tempo e que os recursos da organização também servem para tornar os EUA mais seguros

Por Da Redação
22 abr 2020, 20h01

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse nesta quarta-feira, 22, esperar a reconsideração do governo dos Estados Unidos em relação à suspensão de seu financiamento à entidade, justamente quando a pandemia da Covid-19 já atingiu mais de 2,3 milhões de pessoas e causou a morte de 160.000. Na Casa Branca, porém, não há sinais de recuo. O presidente americano, Donald Trump, anunciou em 7 de abril o corte dos mais de 400 milhões de dólares que destina anualmente à organização.

“Espero que o congelamento do financiamento seja reconsiderado e que os Estados Unidos apoiem mais uma vez o trabalho da OMS e continuem a salvar vidas”, disse Adhanom. O diretor-geral ressaltou que o investimento americano à entidade é importante “não apenas para ajudar outras pessoas, mas também para que os Estados Unidos fiquem seguros”.

Segundo a revista Forbes, com base em dados da OMS, os americanos são os que mais contribuem à OMS. Nos primeiros três meses de 2020, o governo americano investiu mais de 115 milhões de dólares (627 milhões de reais). A China, em segundo lugar, contribuiu com apenas 57,4 milhões de dólares. O aporte dos Estados Unidos responde por mais de 30% dos fundos dos dez maiores contribuintes da OMS nos primeiros três meses de 2020. Dentre estes está o Brasil, que deveria ter investido 14 milhões de dólares na organização.

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Trump ameaça suspender os fundos americanos porque acusa a OMS de ter cometido erros na resposta à pandemia. “Eles perderam a oportunidade. Eles poderiam ter alertado meses antes”, disse o presidente americano, que ainda alegou ser a organização  “centrada” na China, ou seja, nos interesses do governo do presidente chinês, Xi Jinping.

Em meio a essas críticas, Adhanom defendeu sua decisão de declarar emergência de saúde pública internacional, que é seu nível mais alto de alerta, somente em 30 de janeiro. “Pensando em retrospectiva, acho que declaramos a emergência no momento certo e quando o mundo teve tempo suficiente para responder”, disse, para acrescentar que, naquela data, havia apenas 82 casos da Covid-19 fora da China e nenhuma morte.

O anúncio do governo americano sobre a suspensão do financiamento foi duramente criticado pela comunidade internacional. A China afirmou estar “profundamente preocupada” com o anúncio do  presidente americano. “Esta decisão vai reduzir a capacidade da OMS e minar a cooperação internacional contra a epidemia”, lamentou Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

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O secretário-geral das Nações UnidasAntónio Guterres, alertou que, com a agência de saúde global “na linha de frente” da crise, não é hora de interromper o financiamento.  Heiko Maas, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, tuitou que “não adianta procurar por culpados”, pois “o vírus não conhece fronteiras”.

‘Por muito tempo’

Adhanom insistiu ainda em um argumento dificilmente negado por especialistas. “Não se engane, temos um longo caminho a percorrer. Esse vírus estará conosco por muito tempo ”, disse. “A maioria dos países ainda está nos estágios iniciais de suas epidemias e alguns que foram afetados no início da pandemia estão começando a ressurgir nos casos”, explicou o diretor-geral da OMS.

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De fato, alguns países reportaram novos surtos da Covid-19 mesmo após a situação parecer controlada no plano nacional. Singapura, que passou os primeiros 13 dias de abril sem registrar mais de 300 casos em um mesmo dia, contabilizou mais de 2.530 enfermos novos desde terça-feira, 21.

Na China, enquanto epidemia é controlada na província de Hubei onde a Covid-19 foi primeiro reportada em dezembro de 2019 —, a cidade de Harbin, com 10 milhões de habitantes, está se tornando o novo epicentro da doença no país. Harbin conta com pelo menos 1.400 casos suspeitos.

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