Oito países agem para conter ação anti-aborto de Trump
Liderados pela Holanda, as nações pretendem financiar instituições que perderam apoio após ordem do presidente americano
Oito países se uniram em uma iniciativa para arrecadar milhões de dólares e compensar a escassez causada pelo veto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a grupos de todo o mundo que fornecem informações sobre aborto. Suécia, Dinamarca, Bélgica, Luxemburgo, Finlândia, Canadá e Cabo Verde decidiram apoiar uma nação para arrecadar fundos, iniciada pela Holanda.
Em seu quarto dia no cargo, o republicano retomou uma ordem executiva conhecida como “regra da mordaça global”, instituída pela primeira vez por Ronald Reagan, em 1984. O decreto corta o financiamento do governo americano a ONGs internacionais que realizam abortos, ou oferecem informações sobre o tema. A regra foi derrubada por Bill Clinton, em 1993, retomada por George W. Bush, em 2001, e repelida novamente por Barack Obama, em 2008.
Em janeiro a Holanda anunciou o lançamento de um fundo global para ajudar mulheres a terem acesso a serviços de aborto, dizendo que o decreto de Trump irá provocar uma escassez de financiamento de 600 milhões de dólares nos próximos quatro anos. Segundo Isabella Lovin, vice-primeira-ministra da Suécia, uma conferência global será realizada em Bruxelas, no dia 2 de março, para dar a largada à iniciativa de financiamento.
“(A regra de mordaça) pode ser muito perigosa para muitas mulheres”, afirmou a vice-premiê. “Se as mulheres não tiverem controle sobre seus corpos e seu próprio destino, isso pode ter consequências muito sérias para os objetivos globais de igualdade de gênero e erradicação da pobreza global”, comentou.
A regra de mordaça global costuma ser usada pelos presidentes americanos em início de mandato para deixar claras suas posições a respeito do aborto. No caso de Trump, a ordem coloca ONGs pró-legalização pelo mundo em posição difícil, algo que não viam há oito anos. O governo dos Estados Unidos é, isolado, o maior doador a esforços globais na área da saúde, oferecendo quase 3 bilhões de dólares por ano por meio da Agência pelo Desenvolvimento Internacional (USAid), segundo o jornal britânico The Guardian.
Mulheres da África subsaariana devem ser especialmente afetadas pela medida de Trump, pois costumam ser beneficiadas pelas ONGs que oferecem contraceptivos e serviços de saúde de mulher. Grande parte delas também oferece abortos e se recusa a colocar fim à prática, por isso, não deve mais ter apoio financeiro americano.
(Com agência Reuters)